Antônio Bertolucci não tinha cargo nem idade para ser ciclista em São Paulo. No imaginário da cidade, são os jovens e os operários que pedalam; são pessoas com o senso de responsabilidade não muito apurado; uma turma que parece não ter gosto pela vida, pois se mete a andar em lugar destinado a carros e caminhões.
Sendo presidente do Conselho de Administração do Grupo Lorenzetti e estando com 68 anos de vida, o lugar de Bertolucci teria de ser dentro de um carro com vidros escuros, blindado e conduzido por motorista particular. É o senso comum.
E por pensar assim é que a cidade se desenvolve fragmentada. Cada pessoa no seu lugar, sem compartilhar conhecimento nem espaço, cercada por seus conceitos e vítimas do preconceito. Estamos todos condenados a não pensar “fora da caixa”.
A batalha do trânsito reflete esse nosso comportamento e o atropelamento e morte de Bertolucci, na manhã de segunda-feira, dia 13/06, expôs mais uma vez estas diferenças. Cada um se juntou a seu grupo e defendeu sua tese, sem direito a réplica ou reparações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário