sexta-feira, 17 de junho de 2011

São Paulo terá rota de bicicletas


Bicicleta na Paulista

Antônio Bertolucci não tinha cargo nem idade para ser ciclista em São Paulo. No imaginário da cidade, são os jovens e os operários que pedalam; são pessoas com o senso de responsabilidade não muito apurado; uma turma que parece não ter gosto pela vida, pois se mete a andar em lugar destinado a carros e caminhões.

Sendo presidente do Conselho de Administração do Grupo Lorenzetti e estando com 68 anos de vida, o lugar de Bertolucci teria de ser dentro de um carro com vidros escuros, blindado e conduzido por motorista particular. É o senso comum.

E por pensar assim é que a cidade se desenvolve fragmentada. Cada pessoa no seu lugar, sem compartilhar conhecimento nem espaço, cercada por seus conceitos e vítimas do preconceito. Estamos todos condenados a não pensar “fora da caixa”.

A batalha do trânsito reflete esse nosso comportamento e o atropelamento e morte de Bertolucci, na manhã de segunda-feira, dia 13/06, expôs mais uma vez estas diferenças. Cada um se juntou a seu grupo e defendeu sua tese, sem direito a réplica ou reparações.

Jornalista e tendo coberto o tema no Jornal da CBN, que apresento todas as manhãs, recebi uma série de mensagens de cidadãos comentando o caso. Houve quem dissesse que a morte ocorreu porque a cidade não tem estrutura para bicicleta; quem criticasse o atrevimento das pessoas que se arriscam a pedalar; quem tivesse culpado o motorista de ônibus sem sequer entender o caso; quem reclamasse da mídia por destacar o fato apenas quando a vítima é importante

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