quinta-feira, 30 de junho de 2011

* BÔNUS CHINESES*

Fundos do Japão de olho em bônus chineses

O melhor ano na história do yuan em relação ao iene vem encorajando o maiores gestores de fundos do Japão a comprar bônus chineses.

A moeda chinesa valorizou-se 3,1% neste ano e atingiu cotação de 12,70 ienes por yuan, maior aumento para o período desde o abandono pela China do câmbio fixo com o dólar, em 2005. A PineBridge Investments Japan Co., gestora do maior fundo japonês de títulos de dívidas de mercados emergentes, criou fundo para comprar bônus chineses em 10 de fevereiro, enquanto a DIAM Co. divulgou que fará o mesmo em 25 de fevereiro. A Kokusai Asset Management Co., administradora do maior fundo de bônus da Ásia, anunciou ter comprado "uma quantia bem grande" de títulos em yuans, chamados bônus "dim sum", vendidos em Hong Kong.

"O interesse dos investidores e as expectativas quanto ao mercado chinês são muito grandes no Japão", disse Kazuya Sugiura, diretor-gerente da divisão de desenvolvimento de fundos na PineBridge, em entrevista na segunda-feira, em Tóquio. "O risco de valorização do iene é muito menor neste ano do que no ano passado, o que torna os investimentos no exterior mais atraentes."

A diferença de rendimento entre os títulos referenciais em Xangai em relação aos bônus governamentais de dez anos do Japão aproxima-se da máxima em dois anos, de 296 pontos-base, atingida em 11 de novembro, uma vez que o banco central chinês vem elevando os juros para controlar a inflação e o Banco do Japão está às voltas com o problema da deflação. A moeda chinesa se valorizará 4,6% até o fim do ano, com cotação de 6,3 yuans por dólar, enquanto a divisa japonesa cairá 6%, para 89 ienes por dólar, segundo a mediana das estimativas de duas pesquisas da "Bloomberg".

"Investidores de todas as partes do mundo, não apenas japoneses, estão interessados em bônus denominados em yuans", disse Shen Jianguang, economista em Hong Kong da Mizuho Securities Co., unidade do terceiro maior banco do Japão em valor de mercado. "Os ativos em yuans trarão um retorno generoso para os investidores japoneses, porque o yuan subirá 5% a 6% em relação ao dólar e o iene se enfraquecerá em relação ao dólar neste ano."

O rendimento dos bônus de dez anos da China aumentou 86 pontos-base, o equivalente a 0,86 ponto porcentual, nos últimos sete meses, para 4,07%, depois de o banco central ter elevado os juros em três ocasiões desde meados de outubro para controlar a inflação. Os juros pagos pelo bônus japoneses equivalentes subiu 26 pontos-base, para 1,36% no mesmo período. O spread agora entres os dois papéis é de 271 pontos-base.

Na terça-feira, o yuan apresentou pouca variação, cotado a 6,5885 por dólar, em Xangai, de acordo com o China Foreign Exchange Trade System (CFETS). Os contratos a termo de moeda sem entrega física (conhecidos como NDF, em inglês) de 12 meses subiram 0,2%, para 6,4260 yuans por dólar, refletindo apostas de que a divisa chinesa à vista se valorizará 2,5% em um ano.

Os ministros das Finanças do G-20 provavelmente pressionarão por uma maior valorização do yuan quando se reunirem em Paris em 18 e 19 de fevereiro, segundo avaliou Zhang Bin, economista da Academia Chinesa de Ciências Sociais, instituto de pesquisas financiado pelo governo, nesta semana. A moeda teria de subir pelo menos 5% neste ano no critério ponderado pelo comércio exterior para ajudar a aliviar o desequilíbrio comercial e a reduzir as pressões inflacionárias, afirmou.

"O yuan precisa fortalecer-se no longo prazo, embora não esperemos nenhuma valorização profunda em breve", disse Tatsuya Higuchi, gestor sênior de carteiras da Kokusai, que administra cerca de US$ 58 bilhões em ativos, em entrevista na terça-feira. A empresa começou a comprar os bônus dim sum para seus fundos Asia Sovereign Open e Asia Pacific Sovereign Open em outubro, além de também ter comprado dívidas emitidas pelo Asian Development Bank.

O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy F. Geithner, disse em 11 de fevereiro que a China precisa permitir a valorização do yuan para administrar a inflação. A variação anual dos preços ao consumidor foi de 4,9% em janeiro, em comparação à alta de 4,6% observada em dezembro, de acordo com dados divulgados nesta semana pela agência de estatísticas chinesa

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