sábado, 30 de abril de 2011

Sobre realeza superada  

Sob esse título escreveu o leitor Paulo de Tarso Monteiro, na coluna Palavra do Leitor, edição do Jornal do Comércio de 27/4/2011. É lamentável a visão do senhor Paulo a respeito da monarquia parlamentarista da Inglaterra e de praticamente toda a Europa. O povo europeu vive na mais completa segurança através do respeito e segurança advindos das monarquias. Não existe nenhum grau de comparação entre as republiquetas imperialistas “abaixo do Equador” e a monarquia constitucional da Inglaterra e da quase totalidade dos países europeus. Ademais, se o senhor Paulo não sabe, mais que 60% dos países do mundo são parlamentaristas (repúblicas ou monarquias) e há muito mais progresso e decência naqueles que adotam sistemas parlamentaristas de governo. O senhor Paulo precisa se informar melhor. Circo, senhor Paulo, é a orgia de empregos públicos, cargos em comissão, ministérios do nada, nosso Congresso Nacional, negociatas, escândalos financeiros, corrupção desenfreada, impunidade dos homens públicos republicanos. Talvez o senhor Paulo não saiba, “mas esse circo” não representa nem um milésimo do que custa a nossa República. Nossa dívida pública interna atinge algo em torno de R$ 1,7 trilhão. Senhor Paulo: sabe qual é o dia de finados do Brasil? É o dia 15 de novembro. Nesse dia, em 1889, morreu nosso Brasil com a decantada “proclamação da República”. Tudo porque não temos mais um rei/rainha na chefia do Estado. Nunca é demais lembrar que o “circo” citado pelo leitor Paulo não é tão dispendioso para o Reino Unido quanto os “cartões corporativos” da República brasileira. E não podemos nos esquecer dos “mensalões”. Que circo, hein? Por último, as monarquias parlamentaristas europeias estão a léguas de distância no que respeita a progresso e decência, até mesmo das repúblicas parlamentaristas da Europa (Itália e França). Portanto, com todo o respeito, vá se informar melhor, senhor Paulo... (Nei Rafael Ferreira Lopes, advogado e membro do Instituto Brasileiro de Estudos Monárquicos/RS)

FHC

O ex-presidente FHC, de triste memória principalmente para uma parte de seus correligionários, insiste em ficar em evidência. E o faz por meio de afirmações que provocam polêmicas. Como no caso de sugerir o afastamento de seu partido do contato com o “povão”, lembrando muito quando ele chamou os aposentados de “vagabundos”. E agora ele responde à provocação do Lula propondo concorrer contra ele. Sem estender demais o assunto, que partido poderia apoiá-lo? O PSDB nas últimas eleições deixou-o longe dos palanques. Como ele fica então? Triste fim de carreira política. (Uriel Villas Boas, advogado, Santos, São Paulo)

Educação e o IR

É simplesmente irrisório o valor dos gastos com instrução passível de dedução do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Se o investimento público em educação é prioritário, por que o governo não utiliza mais esse instrumento, elevando o teto da referida parcela? Por que não? Será por se tratar de uma medida com pouca visibilidade? Estou realmente curioso em saber o motivo! (José Mariano Bersch, Porto Alegre)

Na coluna Palavra do leitor, os textos devem ter, no máximo, 500 caracteres, podendo ser sintetizados. Os artigos, no máximo, 2 mil caracteres, com espaço. Os artigos e cartas publicados com assinatura nesta página são de responsabilidade dos autores e não traduzem a opinião do jornal. A sua divulgação, dentro da possibilidade do espaço disponível, obedece ao propósito de estimular o debate de interesse da sociedade e o de refletir as diversas tendências.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

FHC ! ! !

- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta segunda-feira, 18, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está sendo "malicioso" ao tentar colar a imagem da sigla tucana à das elites do País. "O Lula, que era contra a privatização, agora está em Londres falando para a Telefónica e ganhando US$ 100 mil. O filho dele é sócio de uma empresa de telefonia. Eles aderiram totalmente às transformações que nós provocamos e ainda vêm nos criticar dizendo que estamos a favor da elite contra o povo, enquanto eles estão mamando na elite. Cabe isso?", questionou FHC em entrevista ao programa "Começando o Dia", da Rádio Cultura FM.

Veja Também:

linkLeia a íntegra do artigo de FHC ‘O Papel da Oposição’

linkLula: 'Não sei como alguém estuda tanto para esquecer o povão'

As declarações de Fernando Henrique foram feitas após o petista comentar artigo do ex-presidente tucano na revista Interesse Nacional, em que defendeu que o PSDB deve deixar de lado o "povão" e buscar diálogo com a nova classe média. "Não sei como alguém que estudou tanto e depois diz que quer esquecer do povão. O povão é a razão de ser do Brasil. E do povão fazem parte a classe média, a classe rica, os mais pobres, porque todos são brasileiros", ironizou Lula, após ministrar palestra em Londres.

Para Fernando Henrique, as declarações de Lula são "maliciosas". O tucano afirmou que o PT utiliza as políticas sociais "de maneira demagógica" e que a tentativa de ligar o PSDB às elites tem razão político-ideológica. Fernando Henrique disse que foi nos seus dois mandatos que foram iniciados os programas sociais que depois foram ampliados com a marca do governo Lula. "Me elegi duas vezes presidente, fiz políticas sociais e quem começou todos esses programas de bolsas foi o meu governo", afirmou.

Segundo FHC, o que ele defende em seu artigo é que "o PSDB caminhe falando com a população para ver quais são seus novos anseios numa sociedade que é muito mobilizada". "Não tem nada com a direita, e sim com os interesses novos da população", afirmou. De acordo com o ex-presidente, o PSDB deve fugir dessa "intriguinha" e discutir os problemas do povo.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pré-tudo


O comercial de 30 segundos no horário nobre da TV aberta ainda reina como a forma mais rápida de espalhar a sua mensagem. Mas muita coisa mudou. Com exceção talvez dos Simpsons, as famílias já não se sentam no sofá toda noite, a noite toda, para assistir à programação da televisão. Acabou a moleza, e nunca foi mole.

O estado da comunicação hoje é de fluxo, é transmídia, multimídia, minimídia, maximídia. Pode colocar qualquer prefixo antes de mídia que funciona. Experimente. As novas tecnologias não são ameaças, mas, pelo contrário, novas ferramentas muito mais potentes para fazer melhor o que se fazia antes sem elas.

Como um grupo de comunicação brasileiro como o Grupo ABC pode concorrer com gigantes mundiais na terra deles? Com talento, claro, e as novas tecnologias, obrigado.

E não é só a tecnologia que está mudando. Algo muito maior está em curso. E é sempre a pessoa, não o hardware ou o software.

As revoluções tecnológicas potencializam as revoluções demográficas. Juntas, estão transformando o consumo no mundo e no Brasil de forma avassaladora. Mídia e públicos se multiplicam como num caleidoscópio. E pode ser muito confuso.

Consumidores com 60 anos ou mais já gastam mais dinheiro do que adolescentes e jovens na compra de discos de música pop no Reino Unido, país parâmetro para esse mercado.

O disco de maior sucesso da gravadora Sony Music no mundo no ano passado foi The Gift, da pacata cinquentona Susan Boyle, que não tem nada a ver com os ídolos de apelo teen que costumavam dominar sozinhos as vendas, como Michael Jackson e Madonna.

Perto deles, Boyle é Madre Tereza de Calcutá. Mas há um público novo (de mais de 50 anos, apreciadores de música pop) e uma tecnologia antiga (CDs) que, juntas, geram riqueza e satisfação.

Boa parte da magia agora será combinar e misturar corretamente públicos e tecnologias, já que nunca tivemos tanto público e tanta tecnologia disponíveis. E haverá surpresas. O poder jovem pode não ser tão poderoso assim. Ou, melhor dizendo, os não-jovens não são tão sem-poder assim.

Nos países mais desenvolvidos do hemisfério Norte, os consumidores de mídia estão envelhecendo mais rapidamente do que a população em geral. Isso significa que é cada vez maior o número de pessoas acima de 50 anos entre os consumidores de mídias impressas, TV e rádio.

O antigo costume da propaganda de priorizar os públicos entre 18 e 49 anos está sob revisão. Segundo dados compilados pela revista Economist, leitores dos jornais americanos acima de 55 anos eram 37% do total em 2002 e agora já são 46%. Já o Daily Telegraph, um dos maiores jornais britânicos, tem 43% dos seus leitores com mais de 65 anos. Suas páginas agora trazem cada vez mais anúncios sobre cruzeiros marítimos e chinelos confortáveis, e isso é muito natural.

Mesmo a audiência das (já não tão) novas mídias amadurece. Nos Estados Unidos, a proporção de pessoas com 65 anos ou mais que consome informação preponderantemente on-line subiu de 2% em 2006 para 14% agora.
No Brasil, sempre fomos dominados pela ideia da juventude, da nova nação. Mas isso também está mudando. O País envelhece, se ainda não no espírito, nas estatísticas.

A principal causa desse amadurecimento é a queda abrupta da taxa de fecundidade, que era de mais de seis filhos por mulher na década de 1960 e agora está em 1,9 filho por mulher na média do período entre 2005 e 2010.

A comunicação, as mídias e a propaganda serão outras para esses outros públicos que se formam e se organizam. Não é mais pós-tudo, agora é pré-tudo. São tempos muito interessantes.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Dilma evita tema de direitos humanos em visita à China

Mesmo depois de ter arrancado da China o compromisso de parcerias comerciais "mais qualificadas", o Brasil não vai exigir do país asiático uma correção de rota em relação aos direitos humanos. "Não vamos nos transformar num alto-falante permanente", avisou Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência para Assuntos Internacionais. "O fato de termos uma tensão com esse tema não significa que vamos tratá-lo como questão obsessiva a todo momento."

O comunicado conjunto assinado por Brasil e China, na terça-feira, dedica ao assunto apenas uma menção protocolar, como se o problema estivesse ligado a ações de combate à pobreza, e não a violações à liberdade de expressão. Diz a declaração que os dois países fortalecerão as consultas bilaterais em matéria de direitos humanos e "promoverão o intercâmbio de experiências e boas práticas".

O tema não foi levantado nem mesmo nesta quarta-feira, 13, durante conversa reservada da presidente Dilma Rousseff com o primeiro ministro da China, Wen Jiabao, conhecido por emitir opiniões mais avançadas sobre o assunto.

O desaparecimento do artista plástico Ai Weiwei, detido no aeroporto quando embarcava para Hong Kong, também não foi tratado por Dilma no encontro com o presidente da China, Hu Jintao, que anunciou nova visita ao Brasil, desta vez em 2012.

sábado, 9 de abril de 2011

* ZÍBIA GASPARETTO *

Esse novo livro da aclamada autora de autoajuda/esoterismo Zíbia Gasparetto está no topo da lista de mais vendidos da categoria.


Se abrindo pra vida

Esse fabuloso livro narra a vida de Jacira, uma mulher que, entristecida e anulada de suas próprias vontades, descobre no amor próprio a chave para a superação. Uma história que nos leva a acreditar que quando nos abrimos para a vida, descobrimos que a felicidade é o destino de todos.

Trecho do livro

Eles subiram e Jacira acompanhou-os com o olhar. Ela também gostaria de encontrar um amor. Desejava sentir essa emoção maravilhosa que causa tanto prazer. Seu relacionamento com Nelson não lhe proporcionara esse sentimento.

Reconhecia que seu aparecimento servira apenas para que ela descobrisse que poderia encontrar alguém que a amasse de verdade, Estava com quarenta e três anos e nunca havia amado. Intimamente se perguntava se aconteceria um dia.

“Durante anos vivi me recriminando até que com a ajuda de dedicados amigos espirituais descobri que, mesmo que eu tivesse feito o que John queria, não teria podido evitar certos fatos, que tiveram origem em nosso passado. Senti que enquanto não fizesse alguma coisa por mim e procurasse melhorar, não poderia ajudar o que eu amava.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A M E S A .


Ao invés de reuniões em palácios temos que nos reunir no Google, no Louvre, no tapete do Oscar. Eu faço parte do Alto Comissariado da ONU para o combate à Aids. Somos 12 membros: o bispo sul-africano e Nobel da Paz Desmond Tutu, o astro de basquete americano Magic Johnson, Chris Hughes, um dos fundadores do Facebook, o líder egípcio Mohammed El Baradei e os ex-presidentes Jacques Chirac (França) e Michelle Bachelet (Chile), para citar alguns.

Fui chamado para ser comissário justamente para atuar na comunicação, e por isso mesmo estou lutando para que as reuniões do nosso grupo sejam mais midiáticas, provoquem mais conteúdos e sejam menos burocráticas.
Elas têm que ser feitas em lugares que chamem a atenção do mundo. O problema da Aids hoje é fácil de entender, mas complexo de resolver. Ela deixou de ser uma doença necessariamente terminal. No mundo rico, o tratamento é doloroso e custoso, mas o sujeito vive com ela. Só que no lado pobre do mundo, e o lado pobre do mundo é imenso, as pessoas ainda morrem.

Se já é difícil viver miseravelmente, ainda que com saúde, imagine enfrentar a miséria sofrendo com a Aids. E os governos dos países mais castigados não têm dinheiro para financiar o custoso tratamento nem organização para dar capilaridade a ele.

No entanto, no mundo rico, a Aids "saiu de moda" e da mídia, saiu da pauta das pessoas. Isso gera dois problemas graves: o relaxamento das campanhas de prevenção, que torna as pessoas menos vigilantes e atentas, e a redução do empenho financeiro de governos e entidades, fundamental para os necessários avanços científicos contra a doença e para a sua prevenção. Sobretudo num momento de crise mundial, em que todo mundo está cortando verbas.

Se a voz e o clamor da opinião pública arrefecem, os ouvidos dos governantes globais se fecham aos apelos por ações e doações. A ONU, por sua vez, é um mar de boas intenções, mas o mundo é grande, as mazelas são muitas, e o cobertor é curto.

O mundo é lembrado todos os dias do que a ONU não faz porque a ONU não tem sido eficiente em mostrar ao mundo tudo o que ela e seus órgãos como Unesco, Unicef, Unaids e Acnur fazem todos os dias.

Há milhares e milhares de homens e mulheres nos quadros da ONU como o brasileiro Sergio Vieira de Mello, que deram, dão e darão a vida por um mundo melhor. O papel do Alto Comissariado da Aids é chamar a atenção para essa doença que mistura fome, desnutrição e miséria. Portanto, nosso trabalho deve ser simples, ao invés de burocrático. Ele tem que ser midiático e rápido.

Ao invés de reuniões em palácios temos que nos reunir no Google, no Carrossel do Louvre, no tapete vermelho do Oscar, na Bienal de Veneza. Temos que usar as redes sociais. Eric Schmidt, chairman do Google, disse na abertura da Clinton Global Initiative que a mobilidade será o fator que mais poderá ajudar na mobilização das causas sociais. O celular já é usado ativamente na África em programas de prevenção e controle de doenças.

A mídia é uma grande parceira, sempre disponível, aberta e engajada. Ela só precisa ser alimentada com fatos, gestos e fotos.

É por isso que nos próximos dias 2 e 3 de maio estaremos nos reunindo em Robben Island, onde ficou preso o grande Nelson Mandela. Afinal, Aids é prisão e apartheid social. No pátio da prisão onde Mandela ficou preso, será colocada uma mesa de 12 lugares. E faremos nossa reunião a céu aberto, a ser transmitida para as principais emissoras do mundo e, sobretudo, pela internet.

Depois disso, espero marcar a próxima reunião na sede do Google, em Palo Alto (Califórnia), e assim por diante.

O que a Aids precisa agora é de "awareness", de voz. E eu acredito que não vamos conseguir isso com discursos formais ou trancados em palácios.

Peço à mídia brasileira que cubra o evento e espalhe a informação de que a luta contra a Aids continua, apesar de todos os avanços (e o Brasil, orgulhosamente, é um dos que mais avançaram).

Não se trata de passar pânico, mas ponderação, cuidado, prevenção. Não se trata de incitar uma cruzada moral. Mas, respeitando todas as culturas e formas de ser, pregar a prevenção e o engajamento. E lembrar que a Aids não morreu.