Intimidade, coletânea de crônicas sobre amor, sexo, infidelidade e intimidade, da antropóloga e professora Mirian Goldenberg, mostra como homens e mulheres estão se relacionando na nossa complexa cultura urbana atual. Mirian nasceu em Santos mas mora no Rio de Janeiro desde 1978, onde tornou-se altamente carioca e onde atua no Departamento de Antropologia Cultural e no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Autora dos livros Por que os homens e as mulheres traem? A Outra, Infiel, Toda mulher é meio Leila Diniz, Os novos desejos, Nu e vestido, De perto ninguém é normal, Coroas , A arte de pesquisar e Noites de insônia, publicados pela Record e pela BestBolso, Mirian tem um site (www.miriangoldenberg.com.br) e, em Intimidade, utiliza sua vasta experiência de professora, pesquisadora, escritora e mulher sobre temas como feminilidade, masculinidade e relações amorosas contemporâneas. Os pequenos - em tamanho, claro - vinte textos partem de observações do cotidiano, de passeios e encontros no Rio de Janeiro e falam, com leveza, humor, sensibilidade e síntese, sobre corpo, corpo da moda, infidelidade, intimidade, capital marital, perdas e ganhos do envelhecimento, dominação masculina, insônia, ser diferente, imitação, infidelidade virtual, paternidade, judaísmo e outros temas que estão aí, por assim dizer, borbulhando nesses tempos agitados. Enfim, Mirian exercita a antropologia como a arte de observar e escutar “o outro”, compreendendo suas práticas, discursos e valores pela ótica da cultura em que se vive e, depois, aproveita para nos presentear com crônicas que nos ajudam a enfrentar o eterno quebra-cabeça que é o relacionamento humano. Por exemplo, diz Mirian: se as crianças de hoje aprenderem que o pai e a mãe podem ser igualmente responsáveis, disponíveis, amorosos, protetores e presentes, é possível que, em um futuro próximo, tenhamos uma verdadeira igualdade entre homens e mulheres, e a crença de que em nenhum domínio (público ou privado) um é superior ou mais necessário do que o outro. É por aí. Record, 126 páginas, mdireto@record.com.br.
e palavras...
Reedição do “clássico libertário” ou As veias da América Latina seguem abertas
Italo Calvino já disse por que devemos ler os clássicos. Mais não preciso dizer. As veias abertas da América Latina, o “clássico libertário” do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, acaba de ser reeditado entre nós, com competente tradução de Sérgio Faraco, nova capa, completo índice analítico e prefácio escrito em agosto de 2010 pelo autor. Os leitores podem optar entre a edição pocket ou a tradicional da L&PM Editores, que tem, respectivamente, 400 e 392 páginas e custa R$ 22,00 e R$ 44,00. No prefácio, Galeano lamenta “que o livro não tenha perdido a atualidade” e que sua obra, devido à boa tradução, “soa melhor em português do que em espanhol”. Não dá para discordar dele. A obra é um inventário da dependência e da vassalagem de que a América Latina tem sido vítima, desde que os europeus apareceram por aqui no século XV. Espanhóis, portugueses, ingleses, holandeses, franceses e, nos últimos tempos, norte-americanos, aproveitaram e aproveitam nossa pobreza, nossa submissão e segue a espoliação. Mandamos centenas de quilos de cereais e recebemos um laptop, meio por aí, ainda, infelizmente. Ouro, prata, açúcar, cobre, petróleo e outras riquezas foram e vão para lá e seguimos com nossas mazelas e desigualdades. Esta história da América Latina contada de nosso ponto de vista, com texto lírico e amargo a um só tempo, mostra suavidade e dureza e Jorge Volpi, do El País, disse que Obama provavelmente não a leu ainda, mas que deveria ler. As veias abertas da América Latina vendeu milhões de exemplares em todo o mundo e sua mensagem de humanismo, solidariedade e amor pela liberdade e pelos desvalidos segue válida e necessária. Eduardo Galeano nasceu em Montevidéu em 1940 e já recebeu duas vezes o prêmio Casa de Las Americas de Cuba, o American Book Award, o Dagerman (Suécia) e outros prêmios internacionais relevantes. No prefácio, ele alerta: “Os sonhos do mercado mundial são os pesadelos dos países que se submetem a seus caprichos”, mostrando que precisamos, efetivamente, pensar melhor em “liberdade de comércio”, “honrar a dívida”, “atrair investimentos”, “entrar no mundo” e outras expressões e cositas do gênero, que andam circulando em nosso mundo globalizado. Muitas vezes entramos no mundo pela porta de serviço, como diz Galeano, que a par da paixão pelo jornalismo e pela humanidade, sempre mostrou honestidade intelectual e consistência.
Lançamentos
• Meu nome é Jorge, do ator e microempresário Jorge Luís Martins, é uma bela história de superação, desde o berço em uma caixa de sapatos até a construção de um projeto de vida. “É comovente a insistência de Jorge em manter os vínculos familiares”, diz Tailor Diniz na apresentação. Libretos, 140 páginas, www.libretos.com.br.
• Os nacionalismos na literatura do século XX, organizado pela professora-doutora Ana Beatriz Demarchi Barel, tem textos dela e de Regina Zilberman, Rita Olivieri-Godet, Amina Di Munno e outros sobre Graciliano, Saramago, Stefan Zweig, Rachel de Queiroz, entre outros. MinervaCoimbra, www.minervacoimbra.blogspot.com, 162 páginas.
• Contos macabros, organizado por Lainister de Oliveira Esteves, tem narrativas de Machado de Assis, Álvares de Azevedo, Aluísio Azevedo, João do Rio, Lima Barreto, Humberto de Campos, Bernardo Guimarães e outros com temas de terror, morte, fantasmas etc. Escrita Fina, 256 páginas, www.escritafinaedicoes.com.br.
• A arte da concentração, da britânica Herriet Griffey, jornalista, escritora e personal coach, por meio de investigação científica, prática e observações, alerta que vivemos uma séria crise de atenção e indica como recuperá-la. Nestes tempos hiperativos, precisamos saber “ligar e desligar” e lidar com a ansiedade, o estresse, a alimentação e a falta de tempo. Larousse, 304 páginas, www.larousse.com.br.
E versos
manhã de primavera
para todas as flores
dia de estreia
passeio no Ibirapuera
uma cerejeira florida
interrompe a conversa
o vento passou
ficaram as pegadas
nas patas de vaca