Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de os homens beberem cinco vezes mais que as mulheres, elas estão chegando perto. Além disso, 44,7% consomem destilados e metade desse número o faz em casa. Para se ter uma ideia, todos os dias, 5% da população masculina bebe cerveja. E o consumo já passou dos 10 bilhões de litros anuais. Pensando nisso, deputados estão tentando restringir a publicidade de bebidas alcoólicas. Um deles é do deputado Áureo (PRTB-RJ), que além de restringir anúncios de bebidas com mais de 2 graus Gay-Lussac ao horário entre 21h e 6h, proíbe o patrocínio de atividades esportivas por marcas de bebida e a associação do produto com esportes. O projeto também quer colocar nas embalagens advertências além do “evite o consumo excessivo de álcool”. Outro projeto, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), vai mais além e proíbe toda e qualquer propaganda de cerveja. “O que queremos é que seja dado para a cerveja o mesmo tratamento que foi dado para o cigarro, que foi dado para as demais bebidas, em que não houve restrição da questão da propaganda, como também a obrigatoriedade da veiculação de mensagens explícitas a respeito do malefício que o uso do produto traz ao ser humano”, afirma.
Proibição positiva
O tema causa certa polêmica no Congresso. O deputado Pepe Vargas (PT-RS) é a favor da proibição de anúncios de bebidas alcoólicas. “Do mesmo jeito que a proibição de anúncios de cigarros foi positiva, vai ser a das bebidas alcoólicas.” Ele acredita que banir a propaganda de qualquer bebida vai ajudar a diminuir o consumo. “Não é adequado ter essa publicidade. Gera aumento do consumo, acidentes de trânsito, famílias destruídas. Não tem que ter incentivo”, afirmou. Natural de Caxias do Sul, cidade famosa pelas uvas, Pepe Vargas não perdoa nem o vinho. “Eles podem fazer publicidade direcionada.”
Não vai resolver
Do outro lado está o deputado Assis Melo do PCdoB, para quem a proibição não vai surtir efeito. “Não é a restrição que vai resolver o problema do consumo.” O ideal, para ele, é a contrapropaganda, isto é, estimular o consumo responsável, “trabalhar cada vez mais com educação”. Até porque, segundo Melo, a proibição vai “gerar um monte de coisa, como o desemprego dos trabalhadores da indústria de bebidas”.
Mesmo com toda a artilharia contra a propaganda de bebidas alcoólicas, o setor vitivinícola não está preocupado. “O setor deixa claro que quer divulgar o consumo responsável”, afirma o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Henrique Benedetti. Segundo ele, quem procura vinho não procura uma bebida para se embebedar. “Vinho não é encarado como bebida alcoólica, sim como alimento funcional. O consumidor que busca o vinho não busca o álcool. Para se ter ideia, a Islândia vem combatendo o alcoolismo substituindo destilados por vinho”, afirmou. Ele também explica que quem bebe vinho normalmente não assiste a veículos de massa, fazendo o marketing do produto mais direcionado. Isso tudo leva à estabilização do consumo em 1,7 litro por pessoa por ano. “O grande aumento é da procura do produto de qualidade. Não houve aumento drástico como na cerveja. Até porque o consumidor que procura álcool continua procurando cachaça, whisky, cerveja.