De janeiro a maio deste ano, as exportações brasileiras de calçados somaram 69,4 milhões de pares, um acréscimo de 21,4% em comparação a igual período do ano anterior, quando foram exportados 57,2 milhões de pares. O faturamento de 2010 ficou em US$ 627,7 milhões, alta de 12,1% em relação aos cinco primeiros meses de 2009, quando os valores ficaram em US$ 560,2 milhões. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com base nos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Apesar dos números positivos do País, no Rio Grande do Sul as vendas externas apresentaram queda no período. O Estado lidera as divisas de exportação, sendo responsável por US$ 308,1 milhões de janeiro a maio deste ano. No entanto, no mesmo período de 2009, as empresas gaúchas de calçados exportaram US$ 308,5 milhões, o que representa decréscimo de 0,1%. Em volume exportado, as fábricas do Estado contribuíram com 14,2 milhões de pares vendidos no período. Isso significa 10,4% a menos na comparação com 2009, quando foram embarcados 15,8 milhões de pares.
Situação diversa vive a indústria calçadista do Ceará, tanto em quantidade quanto em valores. O estado nordestino foi responsável por divisas da ordem de US$ 175 milhões este ano, contra US$ 122,2 milhões no ano passado, uma alta de 43,2%. Em termos de volume, as fábricas cearenses enviaram ao exterior 34,6 milhões de pares nos cinco primeiros meses de 2010, o que representa um crescimento de 45% frente aos 23,9 milhões embarcados em igual período de 2009.
Segundo Heitor Klein, diretor-executivo da Abicalçados, a diferença entre os resultados gaúchos e brasileiros já aconteceu em outros períodos e pode se tornar mais normal. "Os números mostram uma tendência, porque os novos investimentos da indústria de calçados estão se localizando no Nordeste, e é natural que o crescimento mais acentuado ocorra lá", destaca. Para Klein, o foco cada vez maior da indústria gaúcha em produtos com mais design e valor agregado, ao invés de calçados mais comuns para mercados de massa, também tem contribuído para a redução do volume exportado.
Os Estados Unidos seguem absorvendo a maior fatia dos calçados nacionais. Nos cinco meses deste ano, os americanos compraram 20,2 milhões de pares contra 15,2 milhões nos cinco primeiros meses de 2009. Até o ano passado, os embarques para este mercado registravam apenas números negativos. As vendas deste ano resultaram em US$ 157,2 milhões contra US$ 143,6 milhões em 2009. Parte da melhora das vendas, segundo o diretor da Abicalçados, deve-se a uma nova estratégia de inserção do produto nacional no mercado norte-americano. "Antes nós vendíamos para grandes cadeias varejistas e atacadistas, onde hoje a presença chinesa é avassaladora. Então estamos investindo em uma relação mais direta com pequenos varejos e redes de lojas, onde nos responsabilizamos por toda a operação logística de entrega do produto ao nosso cliente."
Em termos de volume, o segundo maior comprador brasileiro foi o Paraguai, responsável pela compra de 5,9 milhões de pares este ano, contra 3,9 milhões de pares de janeiro a maio do ano passado. Os outros mercados que mais adquiriram calçados nacionais foram Espanha (com 5,7 milhões de pares), Reino Unido (3,7 milhões) e a Itália (3,1 milhões), todos apresentando crescimento de volume e faturamento em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, os reflexos da crise europeia, principalmente na Espanha e na Itália, estão deixando os exportadores cautelosos."