segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

'O empresário do passado não sobreviveria'

O Grupo Votorantim está fazendo 95 anos. E continua sendo familiar, dos poucos que conseguiram fazer a transição de uma geração para outra incorporando instrumentos de administração moderna e eficiente. "Investimos bastante em formar talentos com a nossa cultura, com os nossos valores. A família realmente não abre mão disso, é a nossa essência", explica José Roberto Ermírio de Moraes, presidente do conselho de administração do Grupo. Low-profile, Beto, como é chamado pelos amigos, relutou em dar entrevista. Mas cedeu aos apelos da coluna, que recebeu em seu escritório da Rua Amauri, semana passada.
'Profissionalizar significa ter pessoas certas, acionistas ou não' - Paulo Liebert/AE
Paulo Liebert/AE
'Profissionalizar significa ter pessoas certas, acionistas ou não'

Acredita, como outros integrantes da família, que a empresa familiar, se conseguir resolver essas complexidades da passagem de geração para geração, adaptando o modelo conforme as necessidades, pode ser um plus, um fator de diferenciação. Existem estatísticas, feitas pelo mundo, mostrando que empresas familiares bem geridas tiveram retorno acima das empresas públicas, sem donos, nos mercados onde competem.

A seguir, os melhores momentos da conversa.

Como é tocar um grupo do tamanho da Votorantim?

O Grupo é bastante complexo. Atuamos em seis grandes áreas de negócios: cimento, metais, mineração, energia, celulose, laranja e no setor financeiro. É um portfólio atípico. Grupos do mesmo porte e com a mesma diversificação são raros. Isto aumenta muito a complexidade da gestão, devido à necessidade de entender profundamente a dinâmica de todos os negócios, tentar prever como será o futuro de cada um deles e seus fatores de sucesso, além de um esforço operacional, da mesma proporção, para operar as empresas dentro das melhores práticas mundiais. A questão de ser mais ou menos diversificado é uma reflexão bastante desafiadora. Desde que eu trabalho no Grupo, já presenciei vários modismos acadêmicos, defendendo maior ou menor diversificação. Mas posso afirmar que, nestes 95 anos de história, a diversificação tem sido boa por vários motivos. Mas, durante todo este período, estamos sempre procurando focar nos negócios que consideramos mais atraentes.

A profissionalização está funcionando?

Boa pergunta. Uma das principais atribuições da nossa geração é estar sempre questionando a governança a o modelo de gestão. Estes vêm sendo aprimorados de geração para geração. Cada geração, desde o fundador, exigiu um perfil de pessoas e uma estrutura organizacional adequados para aquele determinado momento da empresa. Por exemplo: no caso do fundador, ele era o visionário, o estrategista e o empreendedor. Fazia tudo sozinho, com uma capacidade e uma velocidade de decisão sem iguais, não precisando se preocupar em prestar muitas informações justamente por ser o único dono do negócio. À medida que a sociedade se torna mais complexa, com a vinda das gerações seguintes, temos a necessidade de compartilhar decisões, assim como uma maior transparência nas informações. A complexidade aumenta, a estrutura organizacional tem de se ajustar à nova realidade, e o perfil das pessoas exige novas habilidades - como saber conviver em um ambiente de trabalho mais compartilhado, com transparência e processos mais estruturados.

Uma somatória de papéis?

Em parte sim. Tivemos a sorte de contar sempre com acionistas que contribuíram de maneira significativa nos diferentes ciclos de desenvolvimento dos negócios. Diria que é uma somatória de contribuições feitas ao longo destes anos. Na verdade, o Grupo vem investindo bastante na formação de talentos alinhados com nossa cultura e nossos valores. A família realmente não abre mão disso, é a nossa essência. As pessoas devem trabalhar aqui porque gostam e acreditam no Grupo. É uma questão de admiração e inspiração. Sem isso, nada dará certo. Manter o controle familiar é outro componente muito importante para nós, pois acreditamos que, se a empresa familiar planejar e se preparar de forma antecipada aos desafios dos processos de sucessão de gerações e procurar estar sempre se renovando e estar em negócios atraentes de forma competitiva, estudos mostram que a performance é superior ao das empresas de capital aberto sem sócio majoritário.

Uma coisa estranha: a geração de vocês está no conselho, mas sempre que os procuro, vocês estão trabalhando no escritório...

É verdade. Somos conselheiros de dedicação em tempo integral. Diferentemente dos conselhos que se reúnem a cada trimestre. Além das nossas atribuições mencionadas anteriormente (de estar constantemente aperfeiçoando o modelo de gestão), também acompanhamos as operações, apoiamos os diretores das unidades de negócio, facilitando os processos de decisão, discutimos a estratégia de longo prazo e, sem contar a dedicação permanente em formar pessoas de talento (que serão um fator importante de diferenciação), visitamos as indústrias em outros países. Em suma, isso já nos mantém bastante ocupados.

Se não fosse empresário, o que seria?

Estou com 54 anos e, neste momento da minha vida, talvez não conseguisse substituir uma atividade tão nobre quanto esta que eu, meu irmão e meus primos desempenhamos por outra que desse tanta satisfação.

Quais são as características fundamentais para ser um bom empresário?

Inicialmente é importante ter uma aspiração, um sonho. A partir daí, desenvolver um bom projeto de longo prazo. Segundo, montar uma equipe de profissionais competentes e com experiência no setor escolhido. Sendo este um aspecto muito importante, pois o empresário voluntarioso do passado, que queria fazer tudo sozinho, dificilmente conseguiria sobreviver em uma economia aberta e competitiva como a de hoje. Fatalmente, dificuldades não previstas irão surgir, no campo macroeconômico ou operacional. E com tantas variáveis a serem equacionadas para o empreendimento dar certo, com certeza a perseverança terá de ser uma virtude fundamental para o sucesso do seu projeto.

Mudando de assunto, como você vê a crise atual? Existe algum perigo de a Comunidade Europeia se desfazer?

A complexidade e a extensão da atual crise são muito grandes. Principalmente pelo desequilíbrio macroeconômico dos países desenvolvidos, que vão demorar anos para arrumar a casa. Acredito que alguns países menores da Comunidade Europeia terão de refletir se convém permanecer no bloco - já que a perda da autonomia da política monetária é, em parte, uma desvantagem.

Para quem é vantagem?

Para França e Alemanha. A criação do euro foi muito conveniente. De certa forma, crou-se um guarda-chuva que mantém suas economias competitivas em relação aos outros membros. Acredito que muitas mudanças de regras terão de ser feitas no campo fiscal e na governança. Mas principalmente na gestão de consequências para aqueles que não seguirem as regras.

Como o Grupo Votorantim está se preparando para este momento da economia mundial? É muito difícil fazer planejamento de longo prazo?

É uma situação que se assemelha a um cassino. Você tem de apostar suas fichas em um determinado cenário e torcer para que esteja certo. São decisões muito difíceis, pois a volatilidade dos mercados tem sido grande. O Grupo procura ser financeiramente conservador no seu patamar de alavancagem, apostando em setores nos quais a competitividade é mais visível e investindo constantemente nas melhorias operacionais. Procurando sempre estar em uma posição diferenciada em relação à concorrência.

Ser mais eficiente, não é?

Na verdade, ser mais competitivo é o que importa. Você pode operar um negócio de forma eficiente e não ser competitivo, por talvez não possuir condições estruturais adequadas. Veja o caso da elevada competitividade que a Vale tem com relação ao minério de ferro de Carajás.

Ser o maior é mais importante?

Nem sempre. Você pode ser líder mundial de um determinado negócio e ter resultados inferiores ao dos concorrentes. Veja o nosso exemplo no setor de cimento. Estamos atualmente na oitava posição no ranking mundial entre os principais produtores, mas conseguimos ter melhores resultados em relação a alguns de nossos maiores concorrentes.

O Brasil é a bola da vez? Você teme a concorrência?

Concorrência faz bem para todos, faz parte do jogo. Exige estar sempre se reinventando e buscando a excelência de forma contínua. Estamos preparados para a concorrência, buscamos de forma obcecada estar sempre entre os melhores. Mas, na última década, o crescimento do "custo Brasil" traz preocupação. Ou seja, o aumento da carga tributária, juros altos, real muito valorizado, infraestrutura ineficiente, serviços públicos (como educação, saúde e transporte) de baixa qualidade e muitos outros fatores que vêm onerando a competitividade local. O lado positivo é que o Brasil, neste cenário de crise mundial, tem se destacado, principalmente, pelo crescimento no mercado interno - e isso vem atraindo muitos investimentos. Serão U$ 60 bilhões de investimento estrangeiro em 2012.

Vocês têm feito investimentos externos?

Bastante, nos últimos anos, em setores como o de cimento, estando presente em toda a América Latina, América do Norte, Europa, Extremo Oriente e Ásia. No caso dos metais, estamos com operações importantes no Peru e na Colômbia.

E hobby, você tem algum?

Eu acho que o hobby é uma atividade importante, que ajuda a dar equilíbrio à pessoa. Sempre gostei muito de esporte, de leitura do mundo dos negócios e de história. Quando sobra um tempo, gosto de música - e toco bateria. Por fim, estar com a família é prazeroso, um ato que devemos sempre cultivar.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Setor industrial da Alemanha tem forte recuperação em outubro
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Um crescimento expressivo da demanda de empresas estrangeiras (com destaque para a a zona do euro) ajudou o setor industrial alemão a ter uma forte recuperação em outubro, informou nesta terça-feira o Ministério da Economia.
O total de novas encomendas às indústrias aumentaram 4,2% em outubro, após um decréscimo de 4,6% em setembro (dado revisado). Economistas previam um incremento de somente 1% para o período.Encomendas do setor externo aumentaram 8,3%, sendo que somente os pedidos com origem na eurozona aumentaram 16,2%. A demanda doméstica cresceu apenas 1,4%.Especialistas avaliaram que os números não significam necessariamente uma reviravolta na tendência de desaceleração vista neste ano, mas, pelo menos sinalizam que uma contração mais profunda provavelmente não deve ocorrer.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sinal de alerta na China

Sinais inquietantes vêm da China. Em outubro, as exportações chinesas tiveram a menor alta em quase dois anos, afetadas pela desaceleração nos EUA e pela crise na União Europeia. Indústrias chinesas já falam em demissões e redução de produção.

Para nós, brasileiros, muitíssimo dependentes da China como compradora das nossas commodities, isso é péssima notícia.

Quando a crise bater mesmo na China, ela vai reduzir suas importações de matérias primas, e aí nós vamos sentir com força as repercussões da desaceleração mundial.

Ao mesmo tempo, há dados animadores. A última Carta Brasil-China, do Conselho Empresarial Brasil China, mapeia os investimentos chineses no Brasil neste ano.

Antes muito concentrados em indústria extrativa e recursos naturais, os investimentos chineses agora estão mais direcionados para o setor de manufatura.

Dos US$ 7,14 bilhões anunciados de janeiro ao fim de outubro, em 16 projetos, 55% vão para manufatura, e 13% para recursos naturais. Destes, 43,75% são para o setor automotivo e 12,5% para o eletroeletrônico.

Como disse o economista Antonio Barros de Castro, que morreu neste, "com a recente dinamização do mercado brasileiro de consumo, estão se multiplicando as aplicações chinesas de pequeno e médio porte na esfere de manufaturas".

Ou seja, os chineses também estão tentando fazer "hedge" (proteção). Testemunhando o declínio dos mercados consumidores da Europa e EUA, tradicionalmente seus maiores alvos, eles buscam se posicionar no Brasil.

Seria bom o Brasil também estar fazendo seu "hedge", procurando não depender tanto da venda de matérias-primas para a China e explorar mercados para suas manufaturas.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Opinião Econômica - 2011, o ano-década

Nizan Guanaes

Folhapress/Divulgação/JC
Nizan Guanaes é publicitário e presidente do Grupo ABC
Nizan Guanaes é publicitário e presidente do Grupo ABC

Este foi o ano depois do ano em que o PIB cresceu 7,5%. Foi, não, é. Porque, apesar de toda a água que já passou debaixo da ponte, o ano ainda não acabou. Aquela sensação comum, já novembro, de que o ano passou rápido demais, veio neste ano acompanhada de uma sensação oposta, a de que o ano demora a acabar, cada dia cheio de acontecimentos, cada semana valendo um mês, cada mês, um ano: este ano valeu por uma década.

É um cansaço satisfeito, guerreiro, de correr atrás dos sonhos que antes eram sonhos e agora são sonhos possíveis, próximos. Avançamos sob o impacto de dois aceleradores: o econômico, já que crescemos de forma robusta e sustentável, e o da tecnologia. Nossos negócios prosperam impulsionados por um salto tecnológico que transformou tudo em comunicação instantânea. E comunicação é tudo.

Fechamos vendas, contratos e projetos com rapidez cada vez maior. Temos capital, temos mercado, temos confiança e temos a facilidade bestial de comunicação, que, no fundo, é a maior das revoluções, a marca do nosso tempo. Nosso fio condutor está plugado nas duas pontas em tomadas poderosas: a do mercado interno, finalmente do tamanho do Brasil, e a do mercado externo, que, mesmo em crise, segue investindo cada vez mais recursos em nossa economia.

A dinâmica local e a dinâmica global nos favorecem. O Brasil virou referência de desenvolvimento num mundo rico em crise que olha para a China e tem medo, que olha para a Índia e não entende, mas que olha para o Brasil e sorri. Somos um gigante fácil de falar e de compreender.

O mundo redescobriu o Brasil, com um apetite tremendo, não só por nossos produtos manufaturados e commodities, mas também por nossa cultura, nossa inteligência particular, nossa brasilidade. A revista ditadora de modas globais Wallpaper escolheu como "casa do ano" um projeto de Isay Weinfeld, que é do Brasil. A "cidade do ano" é o Rio de Janeiro. O Brasil já é um líder global. Agora, os líderes do Brasil nas suas respectivas áreas têm de ir além das nossas fronteiras porque o Brasil já foi. Há uma expectativa enorme do mundo em relação a nós. Há um interesse enorme, que precisa ser saciado.

Não podemos mais virar avestruz, enfiar a cabeça dentro da terra e ficar protegido na zona de conforto. A participação brasileira no Fórum Econômico Mundial em Davos, no começo do ano que vem, deve ser muito maior do que em edições anteriores. Cansei de ir a fóruns internacionais e ver tropas de indianos, de chineses e de outros emergidos e emergentes fazendo seu show enquanto o Brasil, muito mais sexy, mal dava as caras.

Estamos acordando para oportunidades novas: turismo e cultura. São áreas nas quais o Brasil pode se firmar como potência. Para vender a indústria brasileira é preciso firmar a cultura, a arquitetura e o design do Brasil. São eles que darão cara ao Made in Brazil.

Claro que o Brasil tem todos os problemas que conhecemos, como a carga tributária, os perigos da desindustrialização. Mas não podemos ficar só nessa pauta. Precisamos também entrar na pauta boa, da produtividade, da inovação, da construção de marca.

Não acredito que o Brasil possa competir no mundo com os produtos baratos. O Brasil vai conseguir competir com os produtos melhores. Não acredito que o biquíni brasileiro possa ser vendido por preço. Ele vai ser vendido por charme, por "appeal", por marketing.

É natural que a indústria lute por incentivos. Mas a pauta não pode se resumir a isso.

Vender uma cadeira brasileira não é fácil, mas se ela for dos irmãos Campana é muito mais fácil. Isso é ser global, é ter um pensamento global. É uma mudança, grande, que vai dar trabalho e já está em curso.
Temos de transcender. A vida é uma pista de avião. Se um marciano olhar a pista, não vai entender: um negócio que liga nada a lugar nenhum. Ela só faz sentido se você voar.

O Brasil levantou voo e vai veloz. Este ano valeu por uma década, uma década vencida. E 2012 já vem aí. Feliz outra década para você!

Publicitário e presidente do Grupo ABC

sábado, 27 de agosto de 2011

Fogo inimigo

Mário Negromonte é a bola da vez. Na limpeza ética que dona Dilma Rousseff (PT) foi levada a fazer na sua equipe ministerial, o próximo a ser defenestrado deve ser o ministro das Cidades, do PP baiano. Negromonte assumiu a pasta sem legitimidade. Era um deputado federal que, apesar de ter ocupado a liderança de sua bancada, nunca despontou como um líder partidário. Tanto é que parte desta bancada se indispôs com o ministro e quer a sua cabeça. Chamada a opinar sobre o caso, a ministra Ideli Salvatti (PT), das Relações Institucionais, tratou de sufocar a rebelião: “O governo não vai aceitar que disputas internas nos partidos aliados interfiram na manutenção dos ministros”. Agora é tarde, ministra, Inês é morta. O que a ministra não sabe é que o “fogo inimigo” está disparando mísseis capazes de destruir a biografia de Negromonte. Municiado por gente do próprio PP, o jornal O Estado de S.Paulo, na sua edição de quarta-feira, traz uma acusação que deixou Negromonte irritadíssimo. Diz o jornal que o ministro das Cidades usou verba da Câmara, quando era deputado federal, para pagar empresa contratada para prestar serviço durante a campanha eleitoral de 2010. “Tudo legal, moral e constitucional. Tudo permitido. Não tem nada errado. Se não, eu não estaria aqui”, disse o ministro, com cara de paisagem.

CONTROLE
Há controvérsias. Ele ainda está no ministério porque as acusações que pesam sobre ele - e não são poucas - ainda não foram apuradas pelos órgãos de controle: o Tribunal de Contas da União e a Controladoria-Geral da União. Aí, só Deus sabe.

Palestra

José Fogaça, ex-prefeito e presidente da Fundação André Forster, foi à posse do ministro Mendes Ribeiro (PMDB), em Brasília, e trouxe a confirmação do nome do próximo palestrante do “Prato do Dia”, evento realizado sob a chancela do PMDB: será o próprio ministro da Agricultura. O “ágape” será realizado no próximo dia 1 de setembro. É esperado público de Estádio Olímpico.

Da liturgia do cargo

Na vida, todos aqueles que assumem cargos importantes na sociedade devem respeitar a liturgia do cargo. É assim na política, na economia, na cultura e no esporte. No esporte, na noite de quarta-feira, o capitão do Internacional - o zagueiro Bolívar - chutou para o alto a liturgia do cargo. Recebida a taça de campeão da Recopa, Bolívar levantou o troféu e correu em direção às torcidas organizadas. E o resto da torcida, bulhufas! Deselegante...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Empresas com sócios laranjas

Esquema usava empresas com sócios laranjas

Dívida tributária era assumida por empresas de fachada e sem patrimônio, o que impedia a cobrança pela União e por Estados

Para cometer as fraudes apuradas pela Polícia e Receita Federais, a quadrilha usou vários laranjas para montar dezenas de empresas, a maioria com os mesmos nomes nos contratos sociais, os mesmos contadores e, em vários casos, até endereços iguais. Foi o que revelou a investigação que resultou ontem na Operação Alquimia, que teve origem na autuação de apenas uma empresa em Juiz de Fora (MG), ainda na década de 90.

Segundo o delegado federal Marcelo Freitas, em 2002 foi instaurado inquérito para investigar essa empresa, cujo nome não foi revelado, mas foi um dos alvos de mandado de busca e apreensão na operação de ontem. Durante a investigação, policiais e auditores descobriram que o esquema era bem maior e envolvia várias companhias, a maioria em nome de laranjas.

Freitas explica que, para fraudar o Fisco, essas empresas laranjas compravam produtos que, na verdade, eram de interesse das empresas do grupo que opera realmente no mercado. Como a dupla tributação é vedada pela Constituição, as empresas de fachada assumiam os tributos da aquisição dos produtos, inclusive pelas importações. Quando eram autuadas, elas fechavam as portas, transferiam o patrimônio para outras companhias do grupo e assumiam sozinhas a dívida tributária. As investigações mostraram que uma das empresas chegou a "vender" uma frota de carretas para outra por R$ 1.

"A consequência é que a União ou os Estados não tinham como reaver o patrimônio efetivamente sonegado", ressaltou Freitas. Além disso, parte do patrimônio das empresas e dos envolvidos na fraude, segundo o delegado, era direcionado a companhias com sede no exterior.

Ilha. O presidente da Sasil Industrial e Comercial de Petroquímicos, Paulo Sérgio Costa Pinto Cavalcanti, não foi localizado. A empresa, fundada em 1973, tem filiais em 12 Estados e é distribuidora oficial de produtos da Braskem. Segundo familiares - entre eles um irmão, Thiago, que foi ouvido pela Polícia Federal e liberado em seguida -, ele estaria no exterior. A mesma explicação foi dada por familiares do diretor comercial Fernando Caribé Filho, também citado na investigação.

Cavalcanti seria o proprietário de uma ilha de 20 mil metros quadrados avaliada em R$ 15 milhões (apenas o terreno), confiscada pela Receita no fim da manhã. Nem a Polícia Federal nem a Receita, porém, confirmam oficialmente a informação.

Na ilha, ricamente decorada e cheia de itens de lazer, os agentes apreenderam cofres com barras de ouro e prata, jet-skis, barcos, lanchas, triciclos e duas armas - um fuzil e uma pistola. / COLABORARAM TIAGO DÉCIMO, EVANDRO FADEL e ANGELA LACERDA

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cupertino divulga imagem da sede "espaçonave" da Apple

A proposta da Apple para seu Campus 2 incluí um escritório, um prédio de pesquisa e desenvolvimento que, no total, terão 260 mil m² segundo informações do site da cidade e do TechCrunch. O projeto prevê um auditório de mil assentos, um centro de fitness e 27 mil m² de área de pesquisa, usina de energia e estacionamento subterrâneo.

Steve Jobs participou de audiência da cidade de Cupertino para falar do negócio
Steve Jobs participou de audiência da cidade de Cupertino para falar do negócio

Cupertino diz que eles ainda têm de analisar o impacto ambiental do projeto e ter um pouco mais audiências públicas antes que ele seja realmente aprovado. O plano da Apple é a inovar no próximo ano e ter a nova sede em 2015. De acordo com cálculos do TechCrunch, ela vai abrigar mais de 12 mil funcionários no seu prédio enorme.