quinta-feira, 30 de junho de 2011

* BÔNUS CHINESES*

Fundos do Japão de olho em bônus chineses

O melhor ano na história do yuan em relação ao iene vem encorajando o maiores gestores de fundos do Japão a comprar bônus chineses.

A moeda chinesa valorizou-se 3,1% neste ano e atingiu cotação de 12,70 ienes por yuan, maior aumento para o período desde o abandono pela China do câmbio fixo com o dólar, em 2005. A PineBridge Investments Japan Co., gestora do maior fundo japonês de títulos de dívidas de mercados emergentes, criou fundo para comprar bônus chineses em 10 de fevereiro, enquanto a DIAM Co. divulgou que fará o mesmo em 25 de fevereiro. A Kokusai Asset Management Co., administradora do maior fundo de bônus da Ásia, anunciou ter comprado "uma quantia bem grande" de títulos em yuans, chamados bônus "dim sum", vendidos em Hong Kong.

"O interesse dos investidores e as expectativas quanto ao mercado chinês são muito grandes no Japão", disse Kazuya Sugiura, diretor-gerente da divisão de desenvolvimento de fundos na PineBridge, em entrevista na segunda-feira, em Tóquio. "O risco de valorização do iene é muito menor neste ano do que no ano passado, o que torna os investimentos no exterior mais atraentes."

A diferença de rendimento entre os títulos referenciais em Xangai em relação aos bônus governamentais de dez anos do Japão aproxima-se da máxima em dois anos, de 296 pontos-base, atingida em 11 de novembro, uma vez que o banco central chinês vem elevando os juros para controlar a inflação e o Banco do Japão está às voltas com o problema da deflação. A moeda chinesa se valorizará 4,6% até o fim do ano, com cotação de 6,3 yuans por dólar, enquanto a divisa japonesa cairá 6%, para 89 ienes por dólar, segundo a mediana das estimativas de duas pesquisas da "Bloomberg".

"Investidores de todas as partes do mundo, não apenas japoneses, estão interessados em bônus denominados em yuans", disse Shen Jianguang, economista em Hong Kong da Mizuho Securities Co., unidade do terceiro maior banco do Japão em valor de mercado. "Os ativos em yuans trarão um retorno generoso para os investidores japoneses, porque o yuan subirá 5% a 6% em relação ao dólar e o iene se enfraquecerá em relação ao dólar neste ano."

O rendimento dos bônus de dez anos da China aumentou 86 pontos-base, o equivalente a 0,86 ponto porcentual, nos últimos sete meses, para 4,07%, depois de o banco central ter elevado os juros em três ocasiões desde meados de outubro para controlar a inflação. Os juros pagos pelo bônus japoneses equivalentes subiu 26 pontos-base, para 1,36% no mesmo período. O spread agora entres os dois papéis é de 271 pontos-base.

Na terça-feira, o yuan apresentou pouca variação, cotado a 6,5885 por dólar, em Xangai, de acordo com o China Foreign Exchange Trade System (CFETS). Os contratos a termo de moeda sem entrega física (conhecidos como NDF, em inglês) de 12 meses subiram 0,2%, para 6,4260 yuans por dólar, refletindo apostas de que a divisa chinesa à vista se valorizará 2,5% em um ano.

Os ministros das Finanças do G-20 provavelmente pressionarão por uma maior valorização do yuan quando se reunirem em Paris em 18 e 19 de fevereiro, segundo avaliou Zhang Bin, economista da Academia Chinesa de Ciências Sociais, instituto de pesquisas financiado pelo governo, nesta semana. A moeda teria de subir pelo menos 5% neste ano no critério ponderado pelo comércio exterior para ajudar a aliviar o desequilíbrio comercial e a reduzir as pressões inflacionárias, afirmou.

"O yuan precisa fortalecer-se no longo prazo, embora não esperemos nenhuma valorização profunda em breve", disse Tatsuya Higuchi, gestor sênior de carteiras da Kokusai, que administra cerca de US$ 58 bilhões em ativos, em entrevista na terça-feira. A empresa começou a comprar os bônus dim sum para seus fundos Asia Sovereign Open e Asia Pacific Sovereign Open em outubro, além de também ter comprado dívidas emitidas pelo Asian Development Bank.

O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy F. Geithner, disse em 11 de fevereiro que a China precisa permitir a valorização do yuan para administrar a inflação. A variação anual dos preços ao consumidor foi de 4,9% em janeiro, em comparação à alta de 4,6% observada em dezembro, de acordo com dados divulgados nesta semana pela agência de estatísticas chinesa

* FRASES & PERSONAGENS *

“Minha proposta, diminuindo o reajuste da alíquota da previdência de 16,5% para 14% era uma alternativa. A experiência me ensinou que sempre precisamos de um meio termo. Deu certo, depois que ficamos até as seis da manhã de quarta-feira debatendo.” Cassiá Carpes, deputado estadual/PTB.

“Tem um déficit de R$ 5 bilhões que tira dinheiro da educação, da saúde e da segurança. Não era possível continuar com essa situação. Não havia outra solução.” Miriam Marroni, deputada estadual/PT.

“Estou absolutamente certo de que essa reforma na previdência é constitucional. O caput que comanda a alíquota mantém um teto. Quem ganha mais recolherá um pouquinho mais para ajudar a equilibrar as contas. Não acredito que alguém arguirá inconstitucionalidade. Ou se para a crise ou em 2014 haverá uma crise financeira.” Tarso Genro, sobre reformas.

“Com essas reformas, em janeiro o Estado poderá fazer novo empréstimo para investimentos, com o apoio da presidente Dilma. Não é o fim da crise, mas o início da saída dela”. Também Tarso Genro.

“Os projetos aprovados são inconstitucionais. O povo gaúcho pagará esse ‘pacotarso’ arrecadatório com muito sacrifício e sem bons resultados.” Edson Brum, deputado estadual/PMDB.

“Quando o Tratado de Assunção (Mercosul) foi assinado, em 1991, o mundo era diferente: a China não era um parceiro comercial significativo dos países do bloco, e o mundo em desenvolvimento não era o motor do comércio internacional. Essas características fazem com que vivamos em ambiente de acelerada transformação, o que exige acompanhamento detido para que não sejam perdidas oportunidades interessantes de inserção internacional.” Antonio Patriota, chanceler brasileiro.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

CEEE DEVERÁ INVESTIR R$ 1,5 BI . . .

CEEE deve investir mais de R$ 1,5 bilhão até 2015
Meta é qualificar estrutura para receber eventos esportivos


Maiores problemas se concentram na distribuição, aponta Dias.
Maiores problemas se concentram na distribuição, aponta Dias.

Qualificar os ativos de rede elétrica, como subestações e transformadores, será o principal foco do programa de investimentos da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) para os próximos quatro anos, ação que deve consumir R$ 1,5 bilhão no período. Com o objetivo de evitar a depreciação da rede e reduzir o impacto negativo dos cortes de energia, além de buscar remuneração através das tarifas destes ativos, o grupo pretende trabalhar na recuperação "do pesado déficit histórico que a distribuidora enfrenta hoje", conforme aponta o presidente da CEEE, Sérgio Souza Dias.

"Ao longo dos últimos anos, a companhia tem investido pouco em sua rede, e reverter este quadro é uma iniciativa fundamental para cumprir melhor os serviços e aumentar a remuneração, além de evitar multas e ressarcimentos aos clientes."


A estimativa do dirigente é de que sejam necessários R$ 800 milhões a serem aplicados pela CEEE Distribuição na parte de rede elétrica. A verba será destinada para qualificação de redes da Capital e Região Metropolitana, levando em consideração a demanda de melhorias da estrutura até a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014. No Litoral Norte, principalmente nas regiões de Tramandaí e Osório, algumas subestações deverão ser aumentadas para suportar a demanda de fornecimento no verão, e nas regiões Sul e Centro Sul, em Pelotas e Camaquã, algumas subestações localizadas em zonas rurais devem ser reformadas, em função do atendimento do Programa Luz para Todos. "Serão feitas melhorias em todas as regiões do Estado", resume Dias.

Outros investimentos serão destinados à geração e transmissão, administradas pela segunda empresa do grupo, a CEEE-GT. No caso da geração, deverão ser destinados R$ 400 milhões para reforma de usinas e ampliação de pequenas centrais, e, para a transmissão, o valor a ser aplicado nos próximos dois anos irá girar em torno de R$ 250 milhões, envolvendo o reforço de subestações, principalmente da região de Porto Alegre.

Segundo Sérgio Dias, o grupo está mudando o foco de seus investimentos. "Houve uma série de deficiências nas aplicações de recursos nas redes da CEEE nos últimos anos", criticou durante palestra na Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs). O dirigente alega que entre 1995 e 2003, quando iniciaram as privatizações na área de energia, houve falhas de planejamento e falta de investimentos nas redes de transmissão, gerando problemas de abastecimento enfrentados até hoje. Conforme dados apontados por ele, nos três primeiros meses de 2010, a CEEE teve que ressarcir em torno de R$ 4,5 milhões aos clientes. "Somente com algumas ações pontuais de melhorias de atendimentos realizadas nos meses seguintes, conseguimos reduzir este valor para R$ 1,5 milhão nos primeiros meses de 2011", argumenta o presidente ao defender a importância das obras estruturais.

Durante a palestra na Sergs, além de avaliar o modelo de energia vigente desde 2004 no Brasil, Dias revelou a intenção de criação da CEEE Telecom, uma subsidiária de telecomunicações que seria implementada com o objetivo de aproveitar a infraestrutura existente e, com mais investimentos, ampliar a oferta de serviços que utilizam a internet. Para que o projeto saia do papel, a companhia pretende buscar nos próximos meses recursos junto ao Bndes.

A CEEE atende aproximadamente 2 milhões de residências em todo o Estado, fornecendo energia para 72 municípios dos litorais Norte e Sul, Capital e Região Metropolitana, e regiões Sul, Centro-Sul e Campanha. O faturamento anual gira em torno de R$ 3,5 bilhões. No caso da distribuição, a participação da empresa no mercado gaúcho é de 32,9%.

terça-feira, 28 de junho de 2011

* NIZAN GUANAES * Os Próximos Bilhões !


Nizan Guanaes

Nizan Guanaes é publicitário e presidente do Grupo ABC
Nizan Guanaes é publicitário e presidente do Grupo ABC

A ascensão da base da pirâmide brasileira mudou o País. É um processo que está só começando, que ainda vai nos transformar muito mais e que gera enormes oportunidades.

O Brasil era na verdade uma parte muito pequena do Brasil. Havia uma massa enorme de brasileiros alienados da produção e do consumo que, agora, depois de 20 anos de estabilidade econômica e política, começam a se incorporar aos mercados de trabalho e de consumo.

É uma entrada triunfal, épica, transformadora, de milhões de pessoas na engrenagem econômica brasileira. Ela exige celebração e cuidados. Se você não tiver uma estratégia para isso, pode se tornar a triste vítima de uma história de sucesso.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) promove nesta semana em São Paulo o Fórum para o Desenvolvimento da Base da Pirâmide na América Latina e Caribe. Escolheram o Brasil para sediar o evento justamente porque temos ainda relativamente pouco desenvolvimento de negócios focados nessa faixa da população.

No Brasil gigante adormecido era possível ignorá-la, centrando força nas grandes praças que abrangiam a esmagadora maioria das classes média e alta do País. Não mais. Muita gente anda descobrindo, na marra, que mercado ignorado é mercado dado ao seu concorrente.

E enquanto os mercados das classes média e alta no Brasil estão mais que mapeados e explorados, o mercado consumidor da baixa renda emergente apenas começa a ser enxergado. Quem decifrar antes esse novo consumidor/produtor terá acesso privilegiado ao vetor de crescimento mais sustentável do País. Mas decifrá-lo não será fácil se usarmos as medidas do antigo regime brasileiro, excludente por natureza. Elas não servem mais. O novo espírito é o da inclusão.

É preciso primeiro envolver esse novo cidadão consumidor na sua estratégia. Ela terá mais sucesso se ele não for apenas objeto da estratégia, mas sujeito. Envolva-o na sua cadeia de produção, principalmente na sua cadeia de inovação. Ele sabe, mais do que você, sobre o mercado que você quer atingir.

Imagine a contribuição que essa massa de brasileiros ex-excluídos pode dar aos negócios no País em empreendedorismo e em produtividade, sem falar na demanda por novos produtos e serviços.

Mas é fundamental deixar os preconceitos de lado. Eles não são o que você está pensando. São muito melhores. E mais exigentes. Pense mais em escala do que em margem. E pense em qualidade. Baratear o produto reduzindo sua qualidade é fórmula certa para desastre, é adicionar insulto à injúria. Barateie seu produto pensando na escala, inovando na produção e na distribuição, nunca reduzindo qualidade.

A emergência desses novos cidadãos econômicos não é um fenômeno brasileiro, mas global. Estima-se que mais de 3,5 bilhões de pessoas formem a base da pirâmide global ainda praticamente excluída das cadeias produtivas formais. É a maior e mais sustentável fonte de consumidores, produtores e empreendedores do mundo, chamados de "os próximos bilhões". Não é exagero dizer que o futuro da humanidade está diretamente ligado à forma com que esses bilhões de pessoas se acomodarão depois de emergirem social e economicamente.

Para envolver esses próximos bilhões é preciso entender suas necessidades, suas forças e suas fraquezas. Eles têm pouco dinheiro, então sabem usá-lo bem e fogem do risco.

Enfrentam dificuldades diárias nos ambientes doméstico e público, muitas vezes pagando caro por produtos de baixa qualidade. Têm pouco conhecimento como consumidores - por isso dão muito peso a recomendações daqueles em quem confiam ou a experimento de produtos. Sobretudo, são pessoas muito dignas, que dão enorme valor ao que conseguem adquirir com o seu trabalho.

Engajar sua empresa no desenvolvimento desse novo mercado, dessas novas pessoas, é não só colocá-la na nova fronteira da economia global mas também torná-la capaz de promover desenvolvimento digno e sustentável no mundo que compartilhamos

segunda-feira, 27 de junho de 2011

* BC OU BACEN *

Banco Central do Brasil


Banco Central do Brasil
Setor Bancário Sul (SBS) Quadra 3 Bloco B - Ed. Sede
www.bcb.gov.br
Criação 31 de dezembro de 1964
Atual ministro Alexandre Tombini
Orçamento R$ 7,04 bilhões (2007)


O Banco Central do Brasil (BC ou BACEN) é autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional, sendo vinculado ao Ministério da Fazenda do Brasil. Assim como os outros bancos centrais do mundo, o brasileiro é a autoridade monetária principal do país, tendo recebido esta competência de três instituições diferentes: a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), o Banco do Brasil (BB) e o Tesouro Nacional.

O Banco Central foi criado em 31 de dezembro de 1964, com a promulgação da Lei nº 4.595.


História

Edifício-sede do Banco Central, em Brasília

Antes da criação do Banco Central, o papel de autoridade monetária era desempenhado pela Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), pelo Banco do Brasil e pelo Tesouro Nacional.

A SUMOC, criada em 1945 com a finalidade de exercer o controle monetário e preparar a organização de um banco central, tinha a responsabilidade de fixar os percentuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas do redesconto e da assistência financeira de liquidez, bem como os juros sobre depósitos bancários. Além disso, supervisionava a atuação dos bancos comerciais, orientava a política cambial e representava o País junto a organismos internacionais.

O Banco do Brasil desempenhava as funções de banco do governo, mediante o controle das operações de comércio exterior, o recebimento dos depósitos compulsórios e voluntários dos bancos comerciais e a execução de operações de câmbio em nome de empresas públicas e do Tesouro Nacional, de acordo com as normas estabelecidas pela SUMOC e pelo Banco de Crédito Agrícola, Comercial e Industrial.

O Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda.

Após a criação do Banco Central buscou-se dotar a instituição de mecanismos voltados para o desempenho do papel de "banco dos bancos". Em 1985 foi promovido o reordenamento financeiro governamental com a separação das contas e das funções do Banco Central, Banco do Brasil e Tesouro Nacional. Em 1986 foi extinta a conta movimento e o fornecimento de recursos do Banco Central ao Banco do Brasil passou a ser claramente identificado nos orçamentos das duas instituições, eliminando-se os suprimentos automáticos que prejudicavam a atuação do Banco Central.

O processo de reordenamento financeiro governamental se estendeu até 1988, quando as funções de autoridade monetária foram transferidas progressivamente do Banco do Brasil para o Banco Central, enquanto as atividades atípicas exercidas por esse último, como as relacionadas ao desenvolvimento e à administração da dívida pública federal, foram transferidas para o Tesouro Nacional.

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu dispositivos importantes para a atuação do Banco Central, dentre os quais destacam-se o exercício exclusivo da competência da União para emitir moeda e a exigência de aprovação prévia pelo Senado Federal, em votação secreta, após argüição pública, dos nomes indicados pelo Presidente da República para os cargos de presidente e diretores da instituição. Além disso, vedou ao Banco Central a concessão direta ou indireta de empréstimos ao Tesouro Nacional.

A Constituição de 1988 prevê ainda, em seu artigo 192, a elaboração de Lei Complementar do Sistema Financeiro Nacional, que deverá substituir a Lei 4.595/64 e redefinir as atribuições e estrutura do Banco Central do Brasil.

A instituição do Banco Central desempenha hoje papel crucial na política econômica do país, e portanto guarda relevante valor na organização financeira do país, sendo assim toda sua organização para o intuito de melhor aplicabilidade das normas e funções econômicas.

Competências

É de competência exclusiva do Banco Central do Brasil:

  • Emitir papel moeda e moeda metálica
  • Executar serviços de meio circulante
  • Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais
  • Realizar operações de redesconto e empréstimos de assistência à liquidez às instituições financeiras
  • Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papeis
  • Autorizar, normatizar, fiscalizar e intervir nas instituições financeiras
  • Controlar o fluxo de capitais estrangeiros, garantindo o correto funcionamento do mercado cambial

Ver também

domingo, 26 de junho de 2011

CARREFOUR X GRUPO CASINO.


Início do conteúdo

Justiça apreende documentos do Carrefour a pedido do grupo Casino.A estratégia consiste em preservar provas em meio à disputa entre o Casino e o sócio brasileiro, Abilio Diniz; rede francesa não foi informada sobre negociações entre Abilio e Carrefour para uma possível fusão no Brasil


O varejista Casino conseguiu que a Justiça francesa apreendesse documentos que revelam conversas entre seu concorrente Carrefour e o empresário Abilio Diniz sobre uma possível fusão no Brasil. O material está em poder da corte de Nanterre, na França.

Esse é o último episódio de uma disputa entre a rede Casino, que detém 37% do capital do Grupo Pão de Açúcar, e seu sócio local, o empresário Abilio Diniz.

A apreensão de documentos é um procedimento de preservação de provas. O material pode ser requisitado, por exemplo, pela Câmara de Comércio Internacional. No início do junho, o Casino entrou com um pedido de arbitragem perante a câmara para que Abilio passasse a "cumprir todas suas obrigações conforme acordo de acionistas".

Segundo informou a agência Reuters, o Casino protocolou, no início do mês, um pedido para que a justiça buscasse, nos escritórios do Carrefour, documentos que demonstrassem "a existência e o conteúdo de negociações" entre o rival francês e Abilio. De um total de 150 documentos avaliados, 22 demonstram que havia uma discussão em curso entre Abilio Diniz, ou sua assessoria financeira Estáter, e o Carrefour. Não se sabe quais foram os termos da conversa. O material apreendido, conforme o Estado apurou, é composto basicamente por e-mails.

O Casino ficou sabendo pela imprensa, há cerca de um mês, sobre as conversas entre o empresário brasileiro e o Carrefour para articular uma aliança no Brasil. Diante da notícia, o presidente e acionista do Casino Jean-Charles Naouri, enviou um e-mail para Abilio. A mensagem de resposta confirmava negociações preliminares e dizia que não havia nada mais a ser informado no momento. Naouri também mandou um e-mail a Lars Olofsson, presidente mundial do Carrefour, mas não recebeu resposta.

Hostil. O clima hostil fez com que o Casino entrasse com o pedido de arbitragem. Na prática, tratava-se de era uma advertência pública ao sócio. Na semana passada, a rede francesa enviou mais um sinal: aumentou em 3,3% sua participação no Grupo Pão de Açúcar com um investimento de U$S 363 milhões.

Por trás do conflito está o acordo de acionistas firmando entre Casino e Abilio em 2006. Há um ano, o empresário brasileiro tenta, sem sucesso, revertê-lo. Pelos termos do documento, de junho de 2012, o Casino pode exercer uma opção de compra e passar a deter o controle do grupo. Hoje, o controle é compartilhado entre Abilio e o Casino.

Para pessoas próximas, o motivo do descontentamento de Abilio reside no fato de que ele não quer perder o controle de uma empresa que mudou de patamar. Nos últimos dois anos, o Pão de Açúcar comprou a cadeia de eletroeletrônicos Ponto Frio e fechou uma fusão com a Casas Bahia tornando-se, assim, o maior varejista do País.

O Carrefour, por sua vez, veio a público, nesta semana, para dizer que vai manter o controle de suas operações no Brasil. Lars Olofsson classificou notícias sobre a negociação da subsidiária brasileira como "rumores". Ele não descartou, porém, o que classificou como "oportunidades de crescimento".

Essa não é a primeira vez que notícias sobre a negociação da operação brasileira do Carrefour tomam o mercado. No fim de 2009, sob a pressão de investidores, a rede chegou a conversar com o Walmart. Mas a proposta feita pela americana foi considerada muito baixa na época. Foi então que a rede francesa deu início a um processo de reestruturação, ainda em andamento.

sábado, 25 de junho de 2011

SANTOS , SEMPRE SANTOS ! !

Foi uma noite mais do que especial. Ir ao Pacaembu ver o meu time ser tricampeão da Libertadores vai ficar nas minhas caixinhas de recordações de grandes emoções da vida. A festa estava linda. A sensação é que a cidade inteira de Santos estava no estádio ou nas imediações. Me senti no conforto de casa.

Fui “escalada” pelos meus irmãos Felipe e Frederico que chegaram de Santos na hora do almoço com ingresso para mim nas mãos. E vestida de branco e preto segui para os arredores do Pacaembu por voltas das 19h. No caminho já fui reconhecendo rostos. Encontrei colegas de escola que não via há pelo menos 15 anos com filhos que já passam dos 10 anos. A concentração dos santistas de Santos foi na Praça Vila Boim. Todos que chegavam da Baixada Santista iam se juntando ali para então seguir ao estádio. Meu frio na barriga era grande e nem mesmo a certeza de vitória dos torcedores experientes, como meus irmãos, me tranquilizava de que a vitória seria fácil. E não foi.

Preciso confessar que mesmo santista desde pequena por influência de meu pai e irmãos nunca fui aficionada por futebol. Mas esta noite de quarta-feira pode ter mudado algo em mim. Vi e senti o que é esta paixão chamada futebol. O frio na barriga antes do jogo de emoções misturadas permanece hoje. Passado, presente, paixão, ansiedade, nostalgia e futuro. Acho que pela primeira vez me senti realmente uma torcedora com orgulho de seu time. Santos, sempre Santos!

Operações Nacionais e Internacionais.


Notícia importante para qualquer pessoa envolvida com negociações de papéis (ativos) e comodities, envolvendo tanto compradores quanto vendedores, sobrando ainda para os "intermediários".

De agora em diante, se um ICPO, LOI, RWA, BCL ou qualquer documento legal for emitido e o produto não existir, o comprador deverá informar o ICC, Banco Central do Brasil, USA, Banco Central Europeu, a Interpol, Central Intelligence Agency (CIA).

Além disso, depois de um FCO ser enviado para o COMPRADOR, o mesmo deverá dar resposta formal ao VENDEDOR.

Se não houver resposta do comprador, a empresa vendedora também deverá comunicar ao FBI, o ICC e da Interpol. As partes infratoras serão também noticiadas por abuso do NCND, LOI, ICPO E RWA OR BCL.

Os governos da América do Sul, Europa, Estados Unidos e outros países, de agora em diante consideram tais atitudes irresponsáveis como uma ofensa FEDERAL.

Favor avisar a todos os escritórios e profissionais que atuam nesse mercado.

A partir de agora, as legislações internacionais serão aplicadas rigorosamente, visando punir e excluir do mercado todos os intrusos que mandem informações falsas. Aqueles que apresentarem documentos falsos como: NCND / IMFPA, LOI, ICPO, RWA, BCL, FCO, bem como FALSAS PROVAS DE PRODUTO serão acusados de crime.

Esta decisão entrou em vigor em 17 de Agosto de 2010 ( Lei elaborada em 11 de Novembro de 2008 ) após uma reunião realizada entre o Banco Central do Brasil , USA, Banco Central Europeu, a Interpol, Federal Bureau of Investigation (FBI) e Central Intelligence Agency (CIA).

Esta medida visa proteger as negociações com comodities e com os ativos em papéis, que é uma parte importante da economia mundial.

O CUSIP NÃO MAIS INFORMARÁ DADOS DE CARTULARES. O INTERESSADO DEVE SE DIRIGIR PESSOALMENTE AO DEPARTAMENTO JUNTO AO BC(Banco Central do Brasil)."

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A ARTE DO MARKETING

“Comunicação integrada é como sexo no colégio, todo mundo fala, poucos fazem e provavelmente quem está fazendo faz errado”. É assim, parafrasenado Peter Rosenwald, que o professor-doutor da Escola de Comunicação e Artes da USP Mitsutu Yanaze avalia o comportamento das empresas brasileiras a partir de pesquisa realizada em 50 grandes corporações de 12 segmentos da economia.

Entrevistado desse sábado do Mundo Corporativo, Yanaze explica que um dos maiores erros dessas empresas é que ainda atuam de forma hierarquizada e são incapazes de integrar os diferentes setores na estratégia de marketing.

Autor do livro “Gestão de Marketing – comunicação, avanços e aplicações”(Editora Saraiva), Yanaze explica que a empresa tem de entender seu potencial e do mercado ou segmento que quer atender e tomar decisões que equilibram esta relação. Logo no começo da nossa conversa, ele conta que é possível aplicar técnicas de marketing inclusive nas relações familiares – “sem banalizar esta relação”, ressalta.

O Mundo Corporativo é apresentado, ao vivo, no site da CBN, toda quarta-feira, às 11 da manhã, com participação dos ouvintes-internautas pelo Twitter @jornaldacbn e e-mail mundocorporativo@cbn.com.br. Aos sábados, você acompanha esta entrevista, a partir das 8 da manhã, no Jornal da CBN

quinta-feira, 23 de junho de 2011

FRANÇA SE RENDE AOS NAZISTAS


1940 – O marechal Philippe Pétain, chefe de Estado francês, assina armistício com a Alemanha, no mesmo vagão de trem em que a Alemanha tinha se submetido ao Tratado de Versalhes de 1918, em Compiègne.

Com isso, a França foi dividida: alemães ocuparam o Norte e toda a linha costeira do Atlântico, enquanto no Sul foi estabelecido o “Etat Français”, com sede em Vichy.

Como parte do armistício, Hitler exigiu pagamento em matérias-primas e alimentos para o esforço de guerra alemão.

O Armistício incluía ainda cláusula de trabalhos forçados dos jovens franceses nas fábricas alemãs, o que levou muitos deles a se refugiar nos campos. Vários perderam a vida como heróis da Resistência, principalmente em atos de sabotagem contra o transporte de trabalhadores franceses e produtos para a Alemanha.

O general Charles De Gaulle fugiu para a Inglaterra, de onde exortou os compatriotas a resistirem aos nazistas.

A França de Vichy prendeu e extraditou para a Alemanha todos os que se opunham ao regime nazista e que, vindos de todas as partes da Europa, haviam-se refugiado na França, nos anos anteriores ao início da guerra. A maioria dos refugiados era composta por judeus, entre os quais artistas, intelectuais famosos e cientistas.

Por trás da fachada do “Etat Français”, Pétain fazia um jogo de colaboração com o regime nazista, tolerando inclusive a deportação de judeus para campos de concentração alemães. No final da guerra, ele foi julgado e condenado à prisão perpétua. Cumpriu a pena até a sua morte, em julho de 1951, na ilha de Yeu.

O governo de Vichy – o regime que executou as ordens de Hitler na França – ficou como uma cicatriz na consciência nacional francesa.

terça-feira, 21 de junho de 2011

A HERANÇA BENDITA DE FHC


Confesso que me surpreendi positivamente com a forma atenciosa e engrandecedora com que a presidente Dilma Rousseff se referiu ao ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, na mensagem a propósito da dos 80 anos do ex-presidente.

Que belo gesto. Alguns amigos meus acham que foi mero formalismo. É difícil julgar a sinceridade das pessoas. Fico com a hipótese mais simples e mais simpática e aplaudo a atitude, para ressaltar a profunda diferença de estilo entre a cordialidade da presidente e a agressividade gratuita de seu antecessor em relação a FHC. Meu aplauso não significa, entretanto, um milímetro sequer de adesão ao governo atual ou aos partidos que compõem sua base de apoio.

Da Constituinte ao Plano Real

A Constituinte instalada em 1987 era a grande aspiração nacional. A Carta que ela produziu em 1988, entretanto, trouxe poucos avanços efetivos. É claro que, em numerosos pontos, abriu perspectivas inovadoras e positivas, como no caso das questões ambientais.

Com a retrospectiva de 23 anos de vigência e o número de emendas já aprovadas, a tão sonhada Constituição de 1988 se mostrou prolixa e casuística, criando mais problemas do que soluções, principalmente por ter dado ao Estado excessivo número de responsabilidades, sem prever os meios para cumpri-los. Tudo virou “direito do cidadão e dever do Estado” – ainda que sem as devidas fontes de financiamento.

Sempre companhei com entusiasmo a trajetória de Mário Covas. Por isso, tinha grande esperança nas eleições de 1989, mas ele não conseguiu ir para o segundo turno. Na etapa final, Fernando Collor venceu Lula, prometendo feroz combate à corrupção e a caça aos marajás em todo o País. Exibicionista, prometendo o que jamais poderia cumprir, seu governo deu no que deu. Assim, em setembro de 1992, o Congresso votou seu impeachment, sob a acusação de corrupção generalizada. Seu sucessor, foi o vice-presidente Itamar Franco, que concluiu seu mandato com outro padrão de comportamento.

Foi no governo Itamar que nasceu o Plano Real. Fernando Henrique, escolhido ministro das Relações Exteriores, deixa o Itamaraty em maio de 1994, para assumir o Ministério da Fazenda e preparar o Plano Real, de combate à inflação, com a colaboração de uma equipe que incluía, entre outros, Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch. ,

Qualquer cidadão comum ou dona de casa sabe que Plano Real foi um dos maiores sucessos econômicos e políticos da história do Brasil – o que é verdade. Talvez, seja até um caso exemplar no mundo. Só as pessoas muito jovens ou os garotos adolescentes, que não conheceram o que era inflação brasileira, talvez, ignorem sua importância. Vale relembrar, no entanto, que o PT votou maciçamente contra esse plano no Congresso e Lula fez lhe fez os mais duros ataques.

O presidente FHC

A inflação brasileira havia chegado a 46,58% ao mês, em junho de 1994. Nos 26 anos que decorreram de 1967 a 1993, a inflação brasileira cresceu 1,4 quatrilhão por cento. Os mais pobres eram os que mais sofriam, porque não podiam atenuar seus efeitos com aplicações beneficiadas pela correção monetária.

Vencer esse processo corrosivo e perverso a curto prazo parecia algo impossível. Mas, a partir de julho de 1994, o milagre acontecia. Nas eleições de outubro de 1994, a popularidade gerada pelo sucesso do Plano Real levou Fernando Henrique Cardoso a vencer as eleições para a presidência da República no primeiro turno.

Fico feliz ou comprovar que, finalmente, alguém que representa verdadeiramente o PT – como a presidente Dilma Roussef – reconhece esta verdade basilar: a “contribuição decisiva” de FHC ao desenvolvimento do País.

Como jornalista e sem qualquer custo para o Tesouro, tive a oportunidade de acompanhar cinco viagens de Fernando Henrique ao Exterior, durante seus oito anos de mandato. Dessas viagens, destaco três: a Paris, a Washington e a Tóquio.

No início de seu mandato, numa caminhada às margens do Sena, da catedral de Notre Dame até o Museu do Louvre, nas proximidades da Ponte Alexandre III, dialogou em francês fluente com intelectuais e relembrou seus tempos de exílio. Noutra oportunidade, foi aplaudido de pé na Assembleia Nacional da França.

Em visita a Washington, em 19 de abril de 1995, data de um dos maiores atos terroristas da história dos Estados Unidos, causando a morte de mais de 600 pessoas em Oklahoma City, dialogou em inglês e em francês com dezenas de jornalistas sobre os problemas do mundo e do Brasil, numa conferência no National Press Club. Finalmente, em Tóquio, mostrou o quanto conhecia da cultura japonesa, em conversa com acadêmicos e jornalistas. Como brasileiro, me senti feliz em ter um presidente com esse nível de cultura.

Muitas contribuições

Relacionemos outros aspectos relevantes dessa contribuição. Fernando Henrique deu maior solidez do sistema bancário com o Proer – projeto acerbamente criticado pela oposição petista. Além de sua ficha absolutamente limpa, como político e como administrador, Fernando Henrique demonstrou sua sensibilidade pelas camadas mais pobres ao criar o programa Bolsa-Escola, que Lula, com sua sagacidade, ampliou para o Bolsa-Família. Consolidou a democracia, inclusive na transição de governo em 2002, com a maior transparência já vista num processo sucessório. Não esqueceu o problema ambiental e evitou todos os apelos ao populismo.

Acrescento a essas realizações mais duas, que considero capazes de justificar o reconhecimento de sua “contribuição histórica” até pela presidente Dilma Rousseff.

Sem entrar em muitos detalhes, quero destacar duas realizações históricas de Fernando Henrique Cardoso, além do Plano Real:

a) a reforma do Estado brasileiro, com a privatização de grande número de empresas estatais. Sem recursos para investir em infraestrutura, o País vivia um círculo vicioso, ou emitia moeda para financiar tais investimentos, causando mais inflação, ou elevava os juros para estimular o empréstimo dos bancos.

b) a Lei de Responsabildade Fiscal, que forneceu um instrumento poderoso para acabar ou reduzir os déficits nas administrações públicas, resultantes da gastança descontrolada dos municípios, dos Estados e da própria União.

Com relação à modernização do Estado brasileiro, relembro que, sem nenhuma participação no goveno, acompanhei de perto o processo de desestatização das telecomunicações, porque conhecia o ministro das Comunicações Sergio Motta desde os tempos de nossa resistência à ditadura.

Quero destacar aqui apenas o fato de as privatizações terem surgido na pauta do governo de Fernando Henrique, a partir de 1995, como caminho único e lógico a todos que analisassem com isenção e equilíbrio o que representava para o governo o peso de empresas estatais como a Telebrás, a Vale, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Embraer, entre outras.

Como estudioso do problema das telecomunicações brasileiras, procurei aproximar Sérgio Motta de algumas dezenas de especialistas e profissionais – competentes e probos – para que o ministro pudesse debater da forma mais ampla possível o futuro do setor e suas alternativas. Em poucos meses, Serjão se convenceu de que o melhor caminho para o Brasil seria, como foi, a privatização do Sistema Telebrás, sob nova legislação, com uma lei geral moderna e uma agência reguladora.

Lembro-me da resistência inicial oposta por Sérgio Motta e FHC à ideia de se privatizar as estatais, nos primeiros meses de governo. O passado esquerdista e a formação intelectual marcada pelo marxismo eram, na cabeça deles – como foi na minha – os obstáculos difíceis de se remover. Contrariando muitas acusações petistas, nunca concordamos com a privatização da Petrobrás, dos Correios, da Caixa Econômica ou do Banco do Brasil.

É claro que há pessoas sérias que, de boa fé, defendem a presença do Estado na maioria dos serviços públicos, na infraestrutura e, em especial, na operação dos serviços de telecomunicações. Elas supõem, sinceramente, que a empresa estatal trabalha em favor de toda a sociedade, em especial, dos mais pobres, que pode acelerar o processo de inclusão digital e social. Outro grupo de pessoas, entretanto, vê as estatais apenas como plataformas de poder, de empreguismo e aparelhamento do Estado. Para isso, reativaram a velha Telebrás.

São essas pessoas que, na campanha eleitoral, demonizam todas as privatizações. Muitas dessas pessoas recorrem agora, à estratégia de privatização dos aeroportos, como já já ocorreu com algumas rodovias, de 2003 para cá.

A HERANÇA BENDITA DE FHC


Confesso que me surpreendi positivamente com a forma atenciosa e engrandecedora com que a presidente Dilma Rousseff se referiu ao ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, na mensagem a propósito da dos 80 anos do ex-presidente.

Que belo gesto. Alguns amigos meus acham que foi mero formalismo. É difícil julgar a sinceridade das pessoas. Fico com a hipótese mais simples e mais simpática e aplaudo a atitude, para ressaltar a profunda diferença de estilo entre a cordialidade da presidente e a agressividade gratuita de seu antecessor em relação a FHC. Meu aplauso não significa, entretanto, um milímetro sequer de adesão ao governo atual ou aos partidos que compõem sua base de apoio.

Meu professor

O objetivo principal deste artigo, entretanto, é dar um depoimento pessoal sobre Fernando Henrique Cardoso. Eu o conheci em 1961, quando fui seu aluno no curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), no antigo prédio da Rua Maria Antônia, em São Paulo.

Recordo com saudade daqueles tempos de fecundo convívio acadêmico com brilhantes professores que marcaram minha geração para sempre. Eram grandes mestres. Com o risco de omissão, além de FHC, relembro aqui os professores Florestan Fernandes, Cruz Costa, Octavio Ianni, Leôncio Martins Rodrigues e a antropóloga Gioconda Mussolini, entre tantos outros.

As aulas de sociologia de Fernando Henrique eram fascinantes, porque ele nos encantava pelo brilho de sua cultura e pela empatia com se dirigia à nossa geração.

O golpe de 1964 levou Fernando Henrique para o exílio. Reencontrei-o durante as eleições de 1978 em plena luta nacional pela redemocratização do País. Gritamos a plenos pulmões, em 1984, nos comícios empolgantes da campanha das Diretas-Já (ou seja, pelas eleições diretas para presidente da República, relembro para os mais jovens).

Nos palanques, imaginem, a mais ampla frente democrática que este País já conheceu, com Tancredo Neves, Teotônio Vilela, FHC, Franco Montoro, Mário Covas, Dante de Oliveira, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Roberto Freire, José Sarney, Lula, Orestes Quércia, José Richa, Pedro Simon e Miguel Arraes, entre muitos outros.

No meio da multidão, eu sentia um arrepio na alma ao ouvir o Hino Nacional na interpretação de Fafá de Belém. No comício final, no dia 16 de abril de 1984, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, éramos 1 milhão e meio de cidadãos ligados pelo sonho da redemocratização. Voltei para casa rouco e exausto, sonhando com as eleições diretas: um sonho de 21 anos.

Para profunda frustração de todos nós, as eleições diretas não vieram em 1984. A emenda Dante de Oliveira foi rejeitada por não alcançar o número mínimo de votos exigidos para a mudança constitucional que introduziria as eleições diretas.

Mas, para alegria da grande maioria da população, o Congresso elegeu Tancredo Neves, mesmo sem o apoio da bancada petista. O destino não permitiu que Tancredo assumisse a presidência e, sim, Sarney.

Nas eleições de 1986, Fernando Henrique foi reeleito senador quando aquele outro PMDB dos tempos da resistência obteve expressiva vitória em todo o Brasil, em grande parte graças à popularidade do Plano Cruzado. Naquelas eleições, Mário Covas e FHC foram os senadores mais votados da história: a votação de cada um deles foi maior do que a do governador eleito de São Paulo, Orestes Quércia. Mário Covas e Fernando Henrique tornaram-se naquele momento os principais líderes nacionais do PMDB.

Da Constituinte ao Plano Real

A Constituinte instalada em 1987 era a grande aspiração nacional. A Carta que ela produziu em 1988, entretanto, trouxe poucos avanços efetivos. É claro que, em numerosos pontos, abriu perspectivas inovadoras e positivas, como no caso das questões ambientais.

Com a retrospectiva de 23 anos de vigência e o número de emendas já aprovadas, a tão sonhada Constituição de 1988 se mostrou prolixa e casuística, criando mais problemas do que soluções, principalmente por ter dado ao Estado excessivo número de responsabilidades, sem prever os meios para cumpri-los. Tudo virou “direito do cidadão e dever do Estado” – ainda que sem as devidas fontes de financiamento.

Sempre companhei com entusiasmo a trajetória de Mário Covas. Por isso, tinha grande esperança nas eleições de 1989, mas ele não conseguiu ir para o segundo turno. Na etapa final, Fernando Collor venceu Lula, prometendo feroz combate à corrupção e a caça aos marajás em todo o País. Exibicionista, prometendo o que jamais poderia cumprir, seu governo deu no que deu. Assim, em setembro de 1992, o Congresso votou seu impeachment, sob a acusação de corrupção generalizada. Seu sucessor, foi o vice-presidente Itamar Franco, que concluiu seu mandato com outro padrão de comportamento.

Foi no governo Itamar que nasceu o Plano Real. Fernando Henrique, escolhido ministro das Relações Exteriores, deixa o Itamaraty em maio de 1994, para assumir o Ministério da Fazenda e preparar o Plano Real, de combate à inflação, com a colaboração de uma equipe que incluía, entre outros, Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch. ,

Qualquer cidadão comum ou dona de casa sabe que Plano Real foi um dos maiores sucessos econômicos e políticos da história do Brasil – o que é verdade. Talvez, seja até um caso exemplar no mundo. Só as pessoas muito jovens ou os garotos adolescentes, que não conheceram o que era inflação brasileira, talvez, ignorem sua importância. Vale relembrar, no entanto, que o PT votou maciçamente contra esse plano no Congresso e Lula fez lhe fez os mais duros ataques.

O presidente FHC

A inflação brasileira havia chegado a 46,58% ao mês, em junho de 1994. Nos 26 anos que decorreram de 1967 a 1993, a inflação brasileira cresceu 1,4 quatrilhão por cento. Os mais pobres eram os que mais sofriam, porque não podiam atenuar seus efeitos com aplicações beneficiadas pela correção monetária.

Vencer esse processo corrosivo e perverso a curto prazo parecia algo impossível. Mas, a partir de julho de 1994, o milagre acontecia. Nas eleições de outubro de 1994, a popularidade gerada pelo sucesso do Plano Real levou Fernando Henrique Cardoso a vencer as eleições para a presidência da República no primeiro turno.

Fico feliz ou comprovar que, finalmente, alguém que representa verdadeiramente o PT – como a presidente Dilma Roussef – reconhece esta verdade basilar: a “contribuição decisiva” de FHC ao desenvolvimento do País.

Como jornalista e sem qualquer custo para o Tesouro, tive a oportunidade de acompanhar cinco viagens de Fernando Henrique ao Exterior, durante seus oito anos de mandato. Dessas viagens, destaco três: a Paris, a Washington e a Tóquio.

No início de seu mandato, numa caminhada às margens do Sena, da catedral de Notre Dame até o Museu do Louvre, nas proximidades da Ponte Alexandre III, dialogou em francês fluente com intelectuais e relembrou seus tempos de exílio. Noutra oportunidade, foi aplaudido de pé na Assembleia Nacional da França.

Em visita a Washington, em 19 de abril de 1995, data de um dos maiores atos terroristas da história dos Estados Unidos, causando a morte de mais de 600 pessoas em Oklahoma City, dialogou em inglês e em francês com dezenas de jornalistas sobre os problemas do mundo e do Brasil, numa conferência no National Press Club. Finalmente, em Tóquio, mostrou o quanto conhecia da cultura japonesa, em conversa com acadêmicos e jornalistas. Como brasileiro, me senti feliz em ter um presidente com esse nível de cultura.

Muitas contribuições

Relacionemos outros aspectos relevantes dessa contribuição. Fernando Henrique deu maior solidez do sistema bancário com o Proer – projeto acerbamente criticado pela oposição petista. Além de sua ficha absolutamente limpa, como político e como administrador, Fernando Henrique demonstrou sua sensibilidade pelas camadas mais pobres ao criar o programa Bolsa-Escola, que Lula, com sua sagacidade, ampliou para o Bolsa-Família. Consolidou a democracia, inclusive na transição de governo em 2002, com a maior transparência já vista num processo sucessório. Não esqueceu o problema ambiental e evitou todos os apelos ao populismo.

Acrescento a essas realizações mais duas, que considero capazes de justificar o reconhecimento de sua “contribuição histórica” até pela presidente Dilma Rousseff.

Sem entrar em muitos detalhes, quero destacar duas realizações históricas de Fernando Henrique Cardoso, além do Plano Real:

a) a reforma do Estado brasileiro, com a privatização de grande número de empresas estatais. Sem recursos para investir em infraestrutura, o País vivia um círculo vicioso, ou emitia moeda para financiar tais investimentos, causando mais inflação, ou elevava os juros para estimular o empréstimo dos bancos.

b) a Lei de Responsabildade Fiscal, que forneceu um instrumento poderoso para acabar ou reduzir os déficits nas administrações públicas, resultantes da gastança descontrolada dos municípios, dos Estados e da própria União.

Com relação à modernização do Estado brasileiro, relembro que, sem nenhuma participação no goveno, acompanhei de perto o processo de desestatização das telecomunicações, porque conhecia o ministro das Comunicações Sergio Motta desde os tempos de nossa resistência à ditadura.

Quero destacar aqui apenas o fato de as privatizações terem surgido na pauta do governo de Fernando Henrique, a partir de 1995, como caminho único e lógico a todos que analisassem com isenção e equilíbrio o que representava para o governo o peso de empresas estatais como a Telebrás, a Vale, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Embraer, entre outras.

Como estudioso do problema das telecomunicações brasileiras, procurei aproximar Sérgio Motta de algumas dezenas de especialistas e profissionais – competentes e probos – para que o ministro pudesse debater da forma mais ampla possível o futuro do setor e suas alternativas. Em poucos meses, Serjão se convenceu de que o melhor caminho para o Brasil seria, como foi, a privatização do Sistema Telebrás, sob nova legislação, com uma lei geral moderna e uma agência reguladora.

Lembro-me da resistência inicial oposta por Sérgio Motta e FHC à ideia de se privatizar as estatais, nos primeiros meses de governo. O passado esquerdista e a formação intelectual marcada pelo marxismo eram, na cabeça deles – como foi na minha – os obstáculos difíceis de se remover. Contrariando muitas acusações petistas, nunca concordamos com a privatização da Petrobrás, dos Correios, da Caixa Econômica ou do Banco do Brasil.

É claro que há pessoas sérias que, de boa fé, defendem a presença do Estado na maioria dos serviços públicos, na infraestrutura e, em especial, na operação dos serviços de telecomunicações. Elas supõem, sinceramente, que a empresa estatal trabalha em favor de toda a sociedade, em especial, dos mais pobres, que pode acelerar o processo de inclusão digital e social. Outro grupo de pessoas, entretanto, vê as estatais apenas como plataformas de poder, de empreguismo e aparelhamento do Estado. Para isso, reativaram a velha Telebrás.

São essas pessoas que, na campanha eleitoral, demonizam todas as privatizações. Muitas dessas pessoas recorrem agora, à estratégia de privatização dos aeroportos, como já já ocorreu com algumas rodovias, de 2003 para cá.

HERANÇA BENDITA DE FHC.

Confesso que me surpreendi positivamente com a forma atenciosa e engrandecedora com que a presidente Dilma Rousseff se referiu ao ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, na mensagem a propósito da dos 80 anos do ex-presidente.

Que belo gesto. Alguns amigos meus acham que foi mero formalismo. É difícil julgar a sinceridade das pessoas. Fico com a hipótese mais simples e mais simpática e aplaudo a atitude, para ressaltar a profunda diferença de estilo entre a cordialidade da presidente e a agressividade gratuita de seu antecessor em relação a FHC. Meu aplauso não significa, entretanto, um milímetro sequer de adesão ao governo atual ou aos partidos que compõem sua base de apoio.

Meu professor

O objetivo principal deste artigo, entretanto, é dar um depoimento pessoal sobre Fernando Henrique Cardoso. Eu o conheci em 1961, quando fui seu aluno no curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), no antigo prédio da Rua Maria Antônia, em São Paulo.

Recordo com saudade daqueles tempos de fecundo convívio acadêmico com brilhantes professores que marcaram minha geração para sempre. Eram grandes mestres. Com o risco de omissão, além de FHC, relembro aqui os professores Florestan Fernandes, Cruz Costa, Octavio Ianni, Leôncio Martins Rodrigues e a antropóloga Gioconda Mussolini, entre tantos outros.

As aulas de sociologia de Fernando Henrique eram fascinantes, porque ele nos encantava pelo brilho de sua cultura e pela empatia com se dirigia à nossa geração.

O golpe de 1964 levou Fernando Henrique para o exílio. Reencontrei-o durante as eleições de 1978 em plena luta nacional pela redemocratização do País. Gritamos a plenos pulmões, em 1984, nos comícios empolgantes da campanha das Diretas-Já (ou seja, pelas eleições diretas para presidente da República, relembro para os mais jovens).

Nos palanques, imaginem, a mais ampla frente democrática que este País já conheceu, com Tancredo Neves, Teotônio Vilela, FHC, Franco Montoro, Mário Covas, Dante de Oliveira, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Roberto Freire, José Sarney, Lula, Orestes Quércia, José Richa, Pedro Simon e Miguel Arraes, entre muitos outros.

No meio da multidão, eu sentia um arrepio na alma ao ouvir o Hino Nacional na interpretação de Fafá de Belém. No comício final, no dia 16 de abril de 1984, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, éramos 1 milhão e meio de cidadãos ligados pelo sonho da redemocratização. Voltei para casa rouco e exausto, sonhando com as eleições diretas: um sonho de 21 anos.

Para profunda frustração de todos nós, as eleições diretas não vieram em 1984. A emenda Dante de Oliveira foi rejeitada por não alcançar o número mínimo de votos exigidos para a mudança constitucional que introduziria as eleições diretas.

Mas, para alegria da grande maioria da população, o Congresso elegeu Tancredo Neves, mesmo sem o apoio da bancada petista. O destino não permitiu que Tancredo assumisse a presidência e, sim, Sarney.

Nas eleições de 1986, Fernando Henrique foi reeleito senador quando aquele outro PMDB dos tempos da resistência obteve expressiva vitória em todo o Brasil, em grande parte graças à popularidade do Plano Cruzado. Naquelas eleições, Mário Covas e FHC foram os senadores mais votados da história: a votação de cada um deles foi maior do que a do governador eleito de São Paulo, Orestes Quércia. Mário Covas e Fernando Henrique tornaram-se naquele momento os principais líderes nacionais do PMDB.

Da Constituinte ao Plano Real

A Constituinte instalada em 1987 era a grande aspiração nacional. A Carta que ela produziu em 1988, entretanto, trouxe poucos avanços efetivos. É claro que, em numerosos pontos, abriu perspectivas inovadoras e positivas, como no caso das questões ambientais.

Com a retrospectiva de 23 anos de vigência e o número de emendas já aprovadas, a tão sonhada Constituição de 1988 se mostrou prolixa e casuística, criando mais problemas do que soluções, principalmente por ter dado ao Estado excessivo número de responsabilidades, sem prever os meios para cumpri-los. Tudo virou “direito do cidadão e dever do Estado” – ainda que sem as devidas fontes de financiamento.

Sempre companhei com entusiasmo a trajetória de Mário Covas. Por isso, tinha grande esperança nas eleições de 1989, mas ele não conseguiu ir para o segundo turno. Na etapa final, Fernando Collor venceu Lula, prometendo feroz combate à corrupção e a caça aos marajás em todo o País. Exibicionista, prometendo o que jamais poderia cumprir, seu governo deu no que deu. Assim, em setembro de 1992, o Congresso votou seu impeachment, sob a acusação de corrupção generalizada. Seu sucessor, foi o vice-presidente Itamar Franco, que concluiu seu mandato com outro padrão de comportamento.

Foi no governo Itamar que nasceu o Plano Real. Fernando Henrique, escolhido ministro das Relações Exteriores, deixa o Itamaraty em maio de 1994, para assumir o Ministério da Fazenda e preparar o Plano Real, de combate à inflação, com a colaboração de uma equipe que incluía, entre outros, Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch. ,

Qualquer cidadão comum ou dona de casa sabe que Plano Real foi um dos maiores sucessos econômicos e políticos da história do Brasil – o que é verdade. Talvez, seja até um caso exemplar no mundo. Só as pessoas muito jovens ou os garotos adolescentes, que não conheceram o que era inflação brasileira, talvez, ignorem sua importância. Vale relembrar, no entanto, que o PT votou maciçamente contra esse plano no Congresso e Lula fez lhe fez os mais duros ataques.

O presidente FHC

A inflação brasileira havia chegado a 46,58% ao mês, em junho de 1994. Nos 26 anos que decorreram de 1967 a 1993, a inflação brasileira cresceu 1,4 quatrilhão por cento. Os mais pobres eram os que mais sofriam, porque não podiam atenuar seus efeitos com aplicações beneficiadas pela correção monetária.

Vencer esse processo corrosivo e perverso a curto prazo parecia algo impossível. Mas, a partir de julho de 1994, o milagre acontecia. Nas eleições de outubro de 1994, a popularidade gerada pelo sucesso do Plano Real levou Fernando Henrique Cardoso a vencer as eleições para a presidência da República no primeiro turno.

Fico feliz ou comprovar que, finalmente, alguém que representa verdadeiramente o PT – como a presidente Dilma Roussef – reconhece esta verdade basilar: a “contribuição decisiva” de FHC ao desenvolvimento do País.

Como jornalista e sem qualquer custo para o Tesouro, tive a oportunidade de acompanhar cinco viagens de Fernando Henrique ao Exterior, durante seus oito anos de mandato. Dessas viagens, destaco três: a Paris, a Washington e a Tóquio.

No início de seu mandato, numa caminhada às margens do Sena, da catedral de Notre Dame até o Museu do Louvre, nas proximidades da Ponte Alexandre III, dialogou em francês fluente com intelectuais e relembrou seus tempos de exílio. Noutra oportunidade, foi aplaudido de pé na Assembleia Nacional da França.

Em visita a Washington, em 19 de abril de 1995, data de um dos maiores atos terroristas da história dos Estados Unidos, causando a morte de mais de 600 pessoas em Oklahoma City, dialogou em inglês e em francês com dezenas de jornalistas sobre os problemas do mundo e do Brasil, numa conferência no National Press Club. Finalmente, em Tóquio, mostrou o quanto conhecia da cultura japonesa, em conversa com acadêmicos e jornalistas. Como brasileiro, me senti feliz em ter um presidente com esse nível de cultura.

Muitas contribuições

Relacionemos outros aspectos relevantes dessa contribuição. Fernando Henrique deu maior solidez do sistema bancário com o Proer – projeto acerbamente criticado pela oposição petista. Além de sua ficha absolutamente limpa, como político e como administrador, Fernando Henrique demonstrou sua sensibilidade pelas camadas mais pobres ao criar o programa Bolsa-Escola, que Lula, com sua sagacidade, ampliou para o Bolsa-Família. Consolidou a democracia, inclusive na transição de governo em 2002, com a maior transparência já vista num processo sucessório. Não esqueceu o problema ambiental e evitou todos os apelos ao populismo.

Acrescento a essas realizações mais duas, que considero capazes de justificar o reconhecimento de sua “contribuição histórica” até pela presidente Dilma Rousseff.

Sem entrar em muitos detalhes, quero destacar duas realizações históricas de Fernando Henrique Cardoso, além do Plano Real:

a) a reforma do Estado brasileiro, com a privatização de grande número de empresas estatais. Sem recursos para investir em infraestrutura, o País vivia um círculo vicioso, ou emitia moeda para financiar tais investimentos, causando mais inflação, ou elevava os juros para estimular o empréstimo dos bancos.

b) a Lei de Responsabildade Fiscal, que forneceu um instrumento poderoso para acabar ou reduzir os déficits nas administrações públicas, resultantes da gastança descontrolada dos municípios, dos Estados e da própria União.

Com relação à modernização do Estado brasileiro, relembro que, sem nenhuma participação no goveno, acompanhei de perto o processo de desestatização das telecomunicações, porque conhecia o ministro das Comunicações Sergio Motta desde os tempos de nossa resistência à ditadura.

Quero destacar aqui apenas o fato de as privatizações terem surgido na pauta do governo de Fernando Henrique, a partir de 1995, como caminho único e lógico a todos que analisassem com isenção e equilíbrio o que representava para o governo o peso de empresas estatais como a Telebrás, a Vale, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Embraer, entre outras.

Como estudioso do problema das telecomunicações brasileiras, procurei aproximar Sérgio Motta de algumas dezenas de especialistas e profissionais – competentes e probos – para que o ministro pudesse debater da forma mais ampla possível o futuro do setor e suas alternativas. Em poucos meses, Serjão se convenceu de que o melhor caminho para o Brasil seria, como foi, a privatização do Sistema Telebrás, sob nova legislação, com uma lei geral moderna e uma agência reguladora.

Lembro-me da resistência inicial oposta por Sérgio Motta e FHC à ideia de se privatizar as estatais, nos primeiros meses de governo. O passado esquerdista e a formação intelectual marcada pelo marxismo eram, na cabeça deles – como foi na minha – os obstáculos difíceis de se remover. Contrariando muitas acusações petistas, nunca concordamos com a privatização da Petrobrás, dos Correios, da Caixa Econômica ou do Banco do Brasil.

É claro que há pessoas sérias que, de boa fé, defendem a presença do Estado na maioria dos serviços públicos, na infraestrutura e, em especial, na operação dos serviços de telecomunicações. Elas supõem, sinceramente, que a empresa estatal trabalha em favor de toda a sociedade, em especial, dos mais pobres, que pode acelerar o processo de inclusão digital e social. Outro grupo de pessoas, entretanto, vê as estatais apenas como plataformas de poder, de empreguismo e aparelhamento do Estado. Para isso, reativaram a velha Telebrás.

São essas pessoas que, na campanha eleitoral, demonizam todas as privatizações. Muitas dessas pessoas recorrem agora, à estratégia de privatização dos aeroportos, como já já ocorreu com algumas rodovias, de 2003 para cá.