Mais cedo do que se pensava, os aliados já começam a apresentar a fatura à presidente Dilma Rousseff. Ontem mesmo ela declarou que vai mandar retirar a urgência do projeto que acaba com o sigilo eterno dos documentos oficiais brasileiros.
Todos os países mantêm seus principais documentos sob vários tipos de sigilo, dependendo da gravidade do tema tratado.
Documentos de guerra, tratados de paz, tratados de fronteira, documentos de ditaduras, documentos de governos, coisas desse gênero, têm prazos diferentes para vir a público.
Mas acabam vindo, um dia ou outro.
No Brasil não. Os documentos estão sob “sigilo eterno”. Pode um absurdo desses?!
Todos os presidentes têm relutado em apoiar a abertura dos documentos, sob a mais variada argumentação.
Os documentos da Guerra do Paraguai, por exemplo, que permanecem sigilosos (isso mesmo!), poderiam, se abertos, dar vazão a uma enxurrada de pedidos de indenização por herdeiros de proprietários de terras ocupadas pelo Brasil. É o que dizem.
Também nos tratados de fronteiras assinados pelo barão do Rio Branco haveria problemas.
Fica parecendo, então, que os obstáculos maiores vêm do Itamaraty. Mas como a casa não se pronuncia…
Ao assumir a presidência, Dilma se comprometeu a apoiar o projeto que reduz para 50 anos o prazo máximo de sigilo de um documento.
Mas, passada a crise, em que os aliados tiveram que engolir desaforos a Michel Temer, escolha solitária de Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti (sobretudo esta), Sarney (argh!) e Fernando Collor (argh! novamente) já levaram à presidente a primeira fatura.
Nem a Sarney nem a Collor interessa ver revelados todos os documentos de seus governos.
Resultado: Dilma pipocou. Recuou e já vai mandar retirar a urgência do projeto.
A votação vai ficar para as calendas.
Podem apostar. Novas faturas virão. E não serão apenas nomeações e liberações de emendas parlamentares.
Isso é alpiste para deputado.
Senadores pedem mais alto.
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