segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CRÉDITO DE CONFIANÇA

O eleitorado brasileiro foi obrigado por força de lei a votar nas eleições deste ano e conscientemente ou não escolheu a sua presidente, governador, senadores, deputados federais e estaduais. O grupo assume no início do próximo ano o comando do país e vai se juntar aos prefeitos e vereadores que estão no meio do mandato. Ainda que o voto seja obrigatório e quase 30% do eleitorado não agiu de forma afirmativa, como os ausentes, brancos e nulos, quantitativamente a democracia brasileira deu demonstração de ser uma das maiores do mundo. A melhoria qualitativa do processo só se dará com o tempo e muito trabalho de educação e cultura política. Certo ou errado, bons ou maus, picaretas ou éticos, assertivos ou sangue sugas, ausentes ou presentes, vinculado ao interesse público ou privado, sinceros ou mentirosos, vagabundos ou trabalhadores, chupins ou inventivos, indolentes e sagazes, palhaços ou donos de funerária, latifundiários ou posseiros, capitalistas ou proletários, civis ou militares, religiosos ou leigos, todos são legítimos representantes da sociedade brasileira. Foram escolhidos livremente nas urnas, mostrados no horário eleitoral obrigatório e que não é gratuito, fotos retocadas com botox, sorrisos de implantes, cabelos parcialmente pintados para manter o grisalho, sobrancelhas e bigodes bem tingidos. A população selecionou com os seus critérios e estes são válidos, democráticos e respeitáveis.

Não se pode esperar no parlamento nada mais do que uma plêiade de representantes com a cara do povo que o escolheu. Afinal as pessoas querem que os que as representam sejam muito parecidas com elas. Assim não há o que lamentar, nem julgar a democracia brasileira como pior que outras no mundo porque alguns tipos exóticos foram eleitos e alguns ladrões contumazes continuam fazendo parte da elite dirigente do pais. Todos tiveram a mesma oportunidade de escolher e de votar sem qualquer pressão nas urnas eletrônicas da Justiça Eleitoral, que, no primeiro turno, até mesmo admitiu o uso da cola. Quem não cola… Há uma variedade imensa de partidos, na próxima legislatura vão ser 22, o que possibilitou a escolha entre os mais diversos programas de governo e disparidade ideológica. Ninguém pode reclamar da variedade de candidatos, plataformas, programas, ideologias, biografias, frases de efeito e tantas outras ferramentas para conquistar o voto do cidadão/eleitor/contribuinte. É verdade que o plantel ainda pode ser ligeiramente modificado na medida que os carimbados de ficha suja sejam julgados pelo Supremo Tribunal.

Concluído o processo só resta ao cidadão dar um voto de confiança aos eleitos. Ninguém pode ser julgado apressadamente antes de um período de pelo menos um ano, tempo necessário para que mostrem a que vieram. O ser humano tem uma capacidade imensa de agir, mudar, modificar sua atuação. Assim o grupo de políticos escolhidos tem a legitimidade popular para trabalhar e ajudar a construir uma sociedade mais pacífica, justa, equilibrada e igualitária. Durante o período de lua de mel o cidadão deve já acompanhar o que fazem os políticos, segui-los no noticiário e formar sua própria opinião sobre eles. Passado o tempo do crédito de confiança usar todo o conhecimento que obteve no período e sair fiscalizando e cobrando de forma cidadã a autoridade eleita. A expectativa da sociedade brasileira é de crescer com segurança, emprego distribuição de renda e liberdade de expressão e isso tudo o conjunto escolhido na última eleição tem condições de prover, uma vez que depende apenas de sua conduta ética balizada no interesse público. Por isso é também democrático acreditar que as pessoas mudam e podem se comprometer com o bem estar de todos, e merecem um crédito de confiança. Ainda assim a melhor prática desse período carinhosamente chamado de lua de mel, é o de orar e vigiar.


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