terça-feira, 25 de janeiro de 2011

MAIS OSSO DEBAIXO DO ANGU


O efeito cascata está sendo sentido em todo o Brasil. Não são as águas que fizeram rolar as casas penduradas no morros da região serrana do Rio de Janeiro, nem as que inundaram as casas nas beiradas de rios e córregos de muitas cidades do Brasil. A cascata é dos aumento dos salários que agora chegam nas câmaras municipais. Em algumas o aumento é de 60 por cento, como na Câmara Municipal de São Paulo. Este reajuste chega pouco a pouco como um tsunami que se forma no meio do oceano e leva algum tempo para chegar na praia, mas quando chega provoca estragos. O movimento começou com o aumento dos salários do judiciário, depois para o executivo, e chegou no legislativo. Primeiro no único congresso, depois nas 27 assembléias estaduais e distrital, e finalmente nas milhares de câmaras municipais de todo o país. Todo mundo com aumentos pagos com o dinheiro arrecadado dos impostos pagos nos níveis federal, estadual e municipal. Todo mundo contente e pouco se lixando se há ou não alguém sofrendo com enchentes e deslizamentos. O povo que se exploda já dizia o velho e bom deputado Justo Veríssimo criado pelo genial Chico Anísio.

Cada vez que o cidadão mexe no caldeirão de angu ele descobre que tem mais e mais ossos escondidos, ou maracutaias, como dizia alguém. Desta vez descobriu-se que há pelo menos 60 ex-governadores ou suas viúvas recebendo aposentadoria vitalícia que chegam a R$24.000 mensais. Há alguns que recebem duas aposentadorias e podem acumular o benefício, diferentemente do segurado do INSS que não pode juntar uma pensão magra com uma aposentadoria esquálida. Alguns assumiram o cargo por alguns meses porque eram vices, mas garantiram o direito. Outros estiveram a frente do executivo estadual por alguns dias, substituindo o titular que estava em viagem para o exterior e conseguiram o benefício. Há caso de um político que foi governador em dois estados e recebe duas aposentadorias e de uma viúva que também recebe duas vezes. Até mesmo gente com perfil ético, como o senador gaúcho Pedro Simon, se habilitou para receber a pensão. As aposentadorias são vitalícias e podem ser repassadas para os cônjuges. Além disso muitos têm o direito de seguranças particulares, carros com motoristas e outras vantagens. Afinal ele trabalhou muito e merece como justifica a filha de Pedro Pedrossian, ex-governador de dois estados e duplamente subsidiado.

O segurado do INSS contribui 35 anos e na hora de se aposentar é submetido ao fator previdenciário uma forma malandra de cortar parte do provento ou impelir o contribuinte a trabalhar mais alguns anos, como uma cenoura amarrada no focinho, para receber o ganho integral. Não pode acumular dois recebimentos, como aposentadoria e pensão e os reajustes são bem menores do que receberam os parlamentares. Para suportar mais um privilégio o pagador de impostos não pode falhar, e é por isso que vive ameaçado de ser multado, executado, tendo seus bens vendidos para pagar os impostos. Não é a toa que qualquer pessoa de médio conhecimento sabe que está sempre despejando baldes e baldes de água na caixa e ela nunca enche. Os furos são muitos e o fluxo de saída é maior do que os baldes conseguem dar conta. É preciso acabar com isso, essas descobertas revoltam os contribuintes que conferem dia a dia no http://www.impostometro.org.br/ quanto já se pagou neste início de ano. Os jornalistas deveriam colaborar com o país não divulgando esse tipo de notícia impatriótica que desestimula a malta que sai para trabalhar todos os dias bem cedinho. A melhor saída para isso tudo é não mexer mais no caldeirão de angu porque se não vão aparecer mais coisas e é capaz até de alguém lembrar que os passaportes que não se obtém nos postos da polícia federal sobram para as excelências e suas famílias na forma de documentos diplomáticos.


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