sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O B A M A . . .

O pior passou, a devastação continua.
O presidente Barack Obama ontem no Congresso americano usou a imagem de uma tempestade para descrever a situação econômica do país.
Disse que o assumiu num dos piores momentos econômicos das últimas décadas quando se tinha o risco de uma nova depressão. "O pior da tempestade já ficou para trás, mas a devastação continua".

E por devastação ele se referia aos "sete milhões de empregos perdidos nos últimos dois anos na economia americana".
Por isso disse que criação de emprego será o ponto principal do seu trabalho esse ano. Nesse momento ele foi aplaudido de pé por políticos dos dois partidos.

Obama está com baixa popularidade e enfrenta esse ano um grande teste: as eleições de meio de mandato que são decisivas. Ele vai perder parte da vantagem que tem na Câmara dos Deputados, mas a grande dúvida é se ele vai também perder a maioria. Tenho lido analistas que dizem que mesmo perdendo cadeiras importantes ele deve manter a maioria. Mas será uma maioria mais fraca. A grande chance que ele tem de avançar com suas propostas é neste primeiro semestre.
Por isso ele pediu, claro, que não deixem escapar a chance de aprovar a reforma da saúde, que está no Senado.

-Não agora, não quando estamos tão perto - apelou ele.
Pediu pela aprovação da nova lei de energia limpa. E aí vinculou crise econômica, com esforço para se adaptar a mudança climática. Disse que o investimento em energia limpa vai criar dois milhões de emprego e darão aos Estados Unidos a dianteira nessa área que o país está sendo ameaçado pela China e Alemanha.
-Eu não aceito o segundo lugar para a América - disse ele.
Aplausos bi-partidários de novo.

Arrancou aplausos também quando disse que quer um imposto sobre o lucro dos bancos, porque eles assim estariam pagando aos contribuintes que os salvaram do colapso um pouco de "bonus" já que pagam tantos bônus aos seus executivos.
Aqui na verdade é a parte fraca dele. De início, Obama não teve saída e apoiou o pacote de ajuda financeira aos bancos feito por Bush. O problema é que continuou na mesma toada, após a posse, e não conseguiu uma nova regulação prudencial que evite esses problemas no futuro, além de continuar concedendo os empréstimos sem quaisquer condicionalidades. Hoje ele diz que mandou uma proposta de reforma financeira para o Congresso e pede por sua aprovação, mas na verdade nem tudo tinha que passar pelo Congresso: condições de pagamento de empréstimo governamental pode ser decidido pelo Tesouro. E é óbvio que qualquer credor pode estabelecer que o pagamento do empréstimo tenha precedência sobre a distribuição de gordos bonus para executivos e controladores.

Foi um discurso político com uma mistura de pedidos de apoio a projetos específicos e frases clichê de sucesso garantido como:
-Nunca estive tão confiante no futuro dos Estados Unidos da América como agora.
Enfim, este vai ser um ano difícil, porque a recuperação terá idas e vindas, será fraca e o desemprego permanece em dois dígitos. Se perder as eleições de meio de mandato dificilmente conseguirá um segundo mandato. Essa é a tradição americana.
E por falar em tradição, ele falou que há 220 anos o presidente americano, obedecendo a Constituição, faz o que ele fez ontem: vai ao Congresso prestar contas do estado da União. Confesso que ouvi isso com uma vontade de que houvesse a mesma tradição no Brasil. Aqui, é o chefe da Casa Civil que leva um calhamaço e entrega no Congresso, sem pompa, sem circunstância e, principalmente, sem transparência do que é a situação do país

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