Há um jargão nos meios de comunicação que não é possível produzir nenhum conteúdo, seja jornalístico ou de qualquer outra área do conhecimento humano, sem se saber exatamente para que se está produzindo, Ninguém fala, nem comunica bem se não sabe quem é o seu público. Por isso muitos veículos se deram mal. Trabalharam de costas para o público. Acharam que ele era um pequeno detalhe, quando ele é o todo poderoso que pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso. Por isso, todos olham para o cidadão, consumidor, colaborador, morador, pagador de impostos com o máximo respeito e cuidado. Não é o caso dos parlamentares que tomaram posse no Congresso Nacional. Muitos julgam que ganharam um cheque em branco e vão passar quatro anos sem ter que dar satisfações para quem que seja, uma vez que estão investidos de um mandato democrático outorgado pelo povo. Alguns terão um ano de folga, uma vez que este ano não tem eleição e os que vão se candidatar a prefeito só vão se preocupar em prestar a atenção para o distinto público no segundo semestre do ano que vem. Um merecido descanso para quem se empenhou tanto para ser eleito, ainda que a maioria custeou a sua campanha com dinheiro que não saiu dos seus bolsos. As empreiteiras que o digam.
Pela primeira vez um presidente comparece na abertura dos trabalhos do Congresso Nacional. O fato tem duas facetas inéditas a presença da presidente e mulher. Ao contrário de todos os demais presidentes que a antecederam, ela leu de viva voz o programa do seu primeiro ano de governo. Até então o discurso era levado pelo chefe da casa civil e lido por ele ou por algum porta voz do legislativo. Dilma destacou duas agendas na qual o governo vai se empenhar. as reformas política e tributária. Ela deixou claro que estes dois temas são importantes para mudar a sociedade brasileira e o governo vai mandar propostas. Isto vai obrigar os parlamentares a se mexerem, porque podem surgir daí projetos que cortem na carne dos que lá estão e se elegeram das formas mais exóticas permitidas pela democracia brasileira. Todos nós temos mais de um exemplo na ponta da língua.
Para se formar um triângulo falta um terceiro vértice além do executivo e do Congresso, é o cidadão. Se descuidar vai ser escanteado jogo no primeiro tempo do jogo uma vez que os seus representantes podem simplesmente virarem as costas e aprovarem o que bem entenderem. De preferência uma reforma que não mude coisa alguma e continue permitindo os partidos passarem a mão nas cotas do Fundo Partidário, continuarem agindo como se fossem balcão de trocas e vendendo espaço na mídia eletrônica em época eleitoral. Tudo na mais perfeita ordem, sem solavancos. São as mudanças que não mudam nada. Cabe a cada um lembrar o nome de quem elegeu na última eleição, juntar seus amigos, parentes, companheiros da peladas do final de semana, do jogo de truco, do salão de beleza, da academia de ginástica, da assembléia de condomínio, do culto religioso, da escola e formar grupos de pressão. São democráticos e necessários. Com toda tecnologia a disposição não é preciso produzir nenhum panfleto para organizar o pessoal, Basta o twitter, e-mail, facebool, orkut, grupos de internet, blogs, sites e tudo mais. Se funciona? Perguntem ao Mubarak lá no Egito que quando percebeu como o povo se organizava tentou bloquear todas as plataformas da internet. Depois é só despejar isso nos endereços de suas excelências, sempre de maneira educada, é claro, e pode ter certeza que só assim não darão as costas para o distinto público, como fazem sabiamente os palhaços no circo.
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